No centro das discussões sobre o futuro dos negócios no mundo está a China, potência comercial que desperta preocupação e interesse global nas relações internacionais. Mas o impacto do crescimento da economia chinesa, que causa euforia e apreensão, é visto pelos empresários do Paraná mais como ameaça do que como oportunidade.
Eles dizem que há motivos para isso. Em meados de fevereiro, o jornal americano The New York Times detalhou os planos da montadora chinesa Lifan de comprar a Tritec (fábrica de motores instalada em Campo Largo). A intenção dos chineses era levar a planta inteira para a China, "roubando" do Paraná empregos e renda. O negócio não foi fechado, mas aumentou a preocupação paranaense: como concorrer com uma economia que tem custos de produção muito menores do que a brasileira?
A balança comercial Paraná-China deixa claro o motivo da dor de cabeça dos empresários. De 2002 a 2005 as importações de produtos chineses cresceram 113%. Com o resultado, a China passou da décima para a sexta posição no ranking dos países que mais vendem ao Paraná. Por outro lado, as exportações de produtos paranaenses para a China não cresceram na mesma proporção. De 2002 a 2005 o aumento foi de 44,3%. Porém, se comparados os anos de 2004 com 2005, houve queda de 45,4%. A oscilação é resultado da frágil pauta de exportações, baseada em commodities como soja, carne e madeira, vulneráveis aos preços no mercado internacional.
Para o pesquisador do Centro Internacional de Negócios da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), Germano Vieira, o maior problema é não termos uma visão estratégica e nem uma política de negócios como os chineses. "Do jeito que estamos hoje, estamos fora do jogo." Segundo Vieira, é impossível, sem planejamento e objetivos claros, competir com os asiáticos. "Eles têm qualidade de mão-de-obra a custos muito baixos." Para Vieira, o plano da Lifan reflete objetivos a longo prazo dos chineses. "Hoje nem farelo de soja eles compram do Paraná, pois industrializam na China, para agregar valor lá. Daqui a pouco eles virão plantar soja aqui, dominando mercado e preços", completa.
Além da ameaça na indústria automobilística, os setores têxtil e de confecções, louças e porcelanas são os que mais sofrem com a concorrência desleal da entrada dos produtos chineses. "O pior é que sabemos que muitos desses produtos não entram legalmente no Paraná, há subfaturamento", diz Ardisson Akel, vice-presidente da Fiep e empresário da indústria têxtil. De fato, esses produtos não estão no topo da lista dos produtos que o Paraná compra da China, o que demonstra a entrada dessas mercadorias pelas fronteiras do estado.
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