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O IBGE divulgou pesquisa nesta sexta-feira mostrando que a população de cor de pele declaradamente negra e parda tem menos escolaridade e um rendimento médio equivalente à metade do recebido pela população que se declara branca, na média das seis regiões metropolitanas investigadas pela Pesquisa Mensal de Emprego (PME). E mais: a taxa de desocupação dos negros e pardos (11,8%) é superior à dos brancos (8,6%).

A PME segue o sistema de classificação de cor ou raça adotado pelas pesquisas domiciliares do IBGE. Ou seja, o informante escolhe uma entre cinco opções: branca, negra, parda, amarela ou indígena. Para a pesquisa, o IBGE informa que foram visitados 41 mil domicílios em Rio, São Paulo, Recife, Salvador, Belo Horizonte e Porto Alegre. Ainda segundo o instituto, "40,7% das entrevistas foram realizadas com a própria pessoa moradora".

Em setembro de 2006, a população declaradamente negra ou parda representava 42,8% das 39,8 milhões de pessoas com idade ativa (10 anos ou mais de idade) nas seis regiões metropolitanas investigadas pela pesquisa de emprego.

As populações amarela e indígena representavam, juntas, apenas 0,8% do total de pessoas com 10 anos ou mais de idade, índice considerado residual para os questionários da sondagem. Os brancos correspondem a 56,5%.

Salvador apresentou a maior proporção de negros e pardos (82,1%) e Porto Alegre a menor (13,1%).

Educação

Segundo o IBGE, há desigualdade também nos indicadores educacionais. A população em idade ativa negra e parda tem 7,1 anos de estudo, em média, e é menos escolarizada que a população branca (8,7 anos de estudo, em média). Foi apurado, também, que 6,7% das pessoas pretas e pardas com 10 a 17 anos de idade não freqüentam escola, contra 4,7% dos brancos.

E, enquanto 25,5% dos brancos com mais de 18 anos freqüentam ou já freqüentaram curso superior, o percentual era de apenas 8,2% para os negros e pardos. Mas houve alguma evolução neste indicador: em setembro de 2002, apenas 6,7% dos pretos e pardos freqüentavam ou já haviam freqüentado curso superior.

Em Salvador, onde os brancos e os negros e pardos apresentaram as maiores médias de anos de estudo, observou-se o maior diferencial: 2,4 anos de estudo a mais para os brancos. Em média, os brancos atingiam o ensino médio e os pretos e pardos sequer concluíam o fundamental.

Ainda em relação à educação, verificou-se que 20,1% dos negros e pardos com 10 anos ou mais de idade tinham algum curso de qualificação profissional, enquanto na população branca este percentual subia para 25,3%. Este indicador cresceu significativamente, pois em 2002 as proporções eram de 13,2% (para negros e pardos) e 16,5% (para brancos). As diferenças regionais mais evidentes foram em São Paulo (onde 28,5% das pessoas brancas tinham curso de qualificação profissional, contra 20,0% dos pretos e pardos) e em Belo Horizonte (35,8% e 28,2%, respectivamente).Trabalho

A desigualdade nos índices educacionais se reflete na função ocupada por pretos e pardos e por brancos. Considerando o grupamento de atividade, no total das seis regiões metropolitanas do país, 57,8% das pessoas ocupadas nos serviços domésticos e 55,4% das que trabalhavam na construção eram pretas ou pardas.

A menor participação de negros e pardos foi sentida nos setores de intermediação financeira, serviços prestados a empresas e atividades imobiliárias (34,6%).

Do total de empregados com carteira assinada na iniciativa privada, que dá mais proteção legal e melhores remunerações, 59,7% eram brancos e 39,8% negros e pardos.

Regiões metropolitanas

Segundo o IBGE, a distorção se deve à grande presença de brancos em regiões metropolitanas, com forte participação do emprego formal, como São Paulo e Porto Alegre. Nesses estados, 44,9% e 44,2% da população ocupada está empregada no setor privado.

Já em Salvador e Recife, onde a maior parte da população é composta por pretos e pardos, o índice de empregados na iniciativa privada cai para 35,2% e 32,1%, respectivamente.Rendimento

O IBGE também constatou uma forte diferença no rendimento dos dois grupos, mesmo quando exercem as mesmas atividades e têm o mesmo nível educacional.

No agregado das seis regiões, a maior diferença salarial foi registrada no grupo de Serviços Prestados a Empresas, Intermediação Financeira e Atividade Imobiliária. Neste caso, os negros e pardos recebiam metade do rendimento dos brancos.

No setor de serviços domésticos, a diferença era de 14,2% em benefício dos brancos.

Em um outro teste, feito com um grupo de homens de 18 a 49 anos e com 11 ou mais anos de estudo, o IBGE constatou que a diferença de rendimentos entre trabalhadores por conta própria era de 75,5&. Para empregados do setor privado sem carteira assinada, a discrepância chegava a 97,9%.

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