
Apresentado como a revolução das televisões de alta definição, o formato 4K pegou carona na Copa do Mundo para tentar chegar aos consumidores brasileiros, mesmo em pequenas degustações. As operadoras de TV por assinatura NET e Oi têm feito testes de transmissões com a tecnologia durante o Mundial, em parceria com SporTV e Sony, responsável por gravar as imagens dos jogos. Apesar das exibições bem sucedidas, o 4K ou UHD, sigla em inglês para ultra-alta-definição ainda deve demorar a se popularizar nos lares do país.
INFOGRÁFICO: Veja detalhes sobre o novo formato 4k
O formato diz respeito à resolução da imagem transmitida na TV, que chega a ser quatro vezes maior do que o padrão Full HD (veja infográfico ao lado). O principal entrave para a popularização da tecnologia não são os aparelhos, que já estão sendo vendidos em lojas brasileiras de varejo e e-commerce, nem o alto preço dos televisores, mas sim a necessidade de adequação das emissoras de TV. Não basta o consumidor possuir o aparelho com resolução 4K: é preciso que o conteúdo seja filmado e transmitido no mesmo formato, para que a qualidade seja evidente.
Mesmo no Japão, onde o formato surgiu, poucas emissoras têm a capacidade de transmitir os dados necessários para o 4K utilizando satélites convencionais. As perspectivas para o Brasil são mais obscuras porque o país ainda está preparando o desligamento do sinal de TV analógico processo que começa em abril de 2016 e seguirá até 2018 e vivendo a popularização do sinal digital. A expectativa do Ministério das Comunicações é que, até o final deste ano, 65% da população tenha acesso à TV digital.
Por isso, especialistas não escondem o ceticismo quanto à adoção em curto e médio prazo do formato no país. O sócio diretor da consultoria CVA Solutions, Sandro Cimatti, faz inclusive uma analogia com o sinal de telefonia no Brasil. "Já temos por aqui, por exemplo, o 4G. Mas o problema não é ter o celular, mas sim o sinal. O mesmo ocorre com o 4K. A diferença é que a adoção do 4G é mais imediata, enquanto para o 4K temos um gargalo muito maior, da transmissão."
Crescimento
Sony, Samsung e LG lideram o mercado de televisores em UHD. As estimativas são de que sejam vendidos, em todo o mundo, 13 milhões de aparelhos neste ano, contra 2 milhões no ano passado. Apesar da rápida evolução, a fatia de TVs neste formato ainda corresponde a apenas 6% do mercado global de aparelhos. Mesmo assim, os fabricantes são otimistas e têm apostado em novos modelos.
"Em 2012, quando lançamos esta tecnologia no Brasil, uma TV de 84 polegadas custava R$ 100 mil. Neste ano, já contamos com produtos com valor a partir de R$ 7.999. Hoje, o consumidor que busca este tipo de produto ainda pertence à classe A/B, mas a cultura da tecnologia 4K está se disseminando", afirma o gerente de Marketing da Sony Brasil, Luciano Bottura.
Final do torneio será exibida no novo formato
O acordo das operadoras de TV por assinatura com a SporTV e a Sony contemplou a exibição ao vivo de três jogos em formato 4K durante a Copa do Mundo, todos no Maracanã: Colômbia e Uruguai, no dia 28; França e Alemanha, na sexta-feira; e a final do campeonato, marcada para o dia 13 de julho. Além de contemplar alguns clientes que já possuem os televisores com a tecnologia, as transmissões também ocorreram em eventos fechados para a imprensa, colaboradores e formadores de opinião em várias cidades, incluindo Curitiba.
Tanto a NET quanto a Oi, que estão encampando a transmissão dos jogos no Brasil, não divulgam prazos para o início da exibição de conteúdo em 4K na grade dos canais, embora reforcem que já fizeram investimentos para viabilizar as transmissões.
Para o diretor de TV e Fibra da Oi, Ariel Dascal, o 4K é uma "evolução natural", mesmo que ainda seja desconhecido por grande parte dos consumidores. "O 4K ainda é de conhecimento restrito. De fato, até mesmo o HD [alta definição] é de conhecimento de poucos, que confundem digital com HD. É necessário esclarecer o público para ele não ser confundido por ofertas enganosas", afirma.



