Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
crise mundial

Nível de tensão iguala os dias de pânico em 2008

Às vésperas do terceiro aniversário da quebra do Lehman Brothers, indicadores atuais estão parecidos demais com os da época do colapso

Londres - Solavancos inesperados, volatilidade intensa, especulações de todo tipo e tensão permanente. A sensação de que os investidores já assistiram a esse filme não é à toa e pode ser comprovada por números: os indicadores de estresse dos mercados estão tão elevados como na época do colapso do Lehman Brothers, em setembro de 2008.

Às vésperas do terceiro aniversário da quebra do banco norte-americano, que levou o mundo para a recessão, surgem temores de novo mergulho da economia global. Os bancos centrais são pressionados a voltar a vestir o uniforme de combate, com reedições de medidas não convencionais. O Banco Central Europeu está comprando títulos da Espanha e da Itália no mercado. Já surgem questionamentos sobre a necessidade de redução dos juros na zona do euro, enquanto o Banco da Inglaterra e o Federal Reserve convivem com a expectativa de mais alívio quantitativo.

O rebaixamento da nota de crédito dos Estados Unidos pela Standard and Poor's, no início do mês, provocou uma corrida por refúgios nos mercados. Ouro, franco suíço, iene e até mesmos os Treasuries passaram a disparar. O Bank of New York Mellon até mesmo passou a cobrar uma taxa dos clientes que possuem grandes posições de depósitos à vista. "É uma fuga para qualidade de proporções bíblicas", afirmou um profissional da City londrina.

Nesse cenário, analistas dispõem de uma série de ferramentas para medir o nervosismo dos negócios, algumas inclusive criativas. "Esses indicadores trazem uma leitura feia. A última vez que vimos condições assim foi depois do colapso do Lehman Brothers", diz David Bloom, estrategista de câmbio do HSBC. Para medir esses momentos, o banco tem o índice Roro (sigla em inglês para "risk on-risk off"). Segundo os estrategistas do banco, esse indicador vem subindo firmemente e agora está perto dos piores momentos vistos na crise financeira global de 2008.

O ouro está nas alturas, superou US$ 1,9 mil por onça-troy e vem sendo considerado o abrigo mais seguro neste momento. Mas outra mostra de que a tensão está elevada é quando o valor do ouro chega muito perto da platina – metal considerado mais valioso e que tende a oscilar conforme a atividade econômica, já que é sensível às ordens da indústria. Nos últimos dez anos, a platina vem negociando com um prêmio em relação ao ouro, segundo o Standard Chartered. Nesse período, foram vistas poucas exceções: em dezembro de 2008 e agosto de 2011. As cotações dos dois metais se igualaram nos dias 8 e 10 deste mês.

Outro sinal de aflição é o nada animador nível do "Xover". Esse é o apelido para o indicador de crédito Crossover, que mede o comportamento de um conjunto de títulos de dívida. Na Europa, o número vem se deteriorando e o preço atual aponta probabilidade de 43% das empresas do índice darem calote nos próximos cinco anos, conforme o Deutsche Bank.

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.