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Em 2014, o engenheiro eletricista carioca José Roberto Boisson de Marca ocupará um cargo que já foi do inventor britânico Alexander Graham Bell no início do século 20. Ele será o primeiro brasileiro a presidir o Institute of Electrical and Electronic Engineers (IEEE), uma das maiores associações profissionais do mundo, com cerca de 400 mil membros. Além de ajudar a disseminar conhecimento, uma das funções do IEEE é apontar inovações tecnológicas para o futuro. Mas não se trata de exercício de adivinhação, afirma Marca. "Futurologia é realmente difícil. O que fazemos é apontar o que já está sendo estudado e poderá vir a ser realidade em alguns anos", compara. Marca afirma na entrevista abaixo que o Brasil precisa formar engenheiros e fazê-los trabalhar na área para que eleições como a dele deixem de ser novidade.

Você costuma citar em palestras pesquisas que apontam o uso de chips para combater o câncer, entre outras inovações. Não soa como ficção científica?

A gente tem de diferenciar desenvolvimento tecnológico de futurologia. Futurologia pode ser que está errado. Mas se você tem previsão do que fazer, com objetivos razoáveis, está desenvolvendo aquilo com pé no chão de que pode dar certo. Na década de 1970, o futuro era a comunicação por telefone, o picture phone, em que você poderia ver a pessoa. Ninguém quis, é uma coisa que morreu. Voltou só agora com o Skype, etc. Apresentamos a previsão de futuro concreta, que tem expectativa de pessoas que creem que aquilo pode dar certo. Às vezes a solução que você pensa ser boa acaba não sendo, ou de repente alguém a inova e a retoma anos depois. É o caso da telefonia móvel, o sucesso dela era algo imprevisto décadas atrás. Mas futurologia está errada em 90% das vezes, acho.

Você concorda com a visão do governo federal de que faltam engenheiros no Brasil?Engenheiro no Brasil pode passar a ser como médico. Talvez a gente precise importar. O governo e a gente sabemos disso. Enfim, tem de ser resolvido. A visão do jovem de hoje é mais imediatista e a carreira de engenheiro dá uma vida confortável, mas não espetacular. Tem até gente criando empresa, empreendedorismo e tal, mas a visão do jovem é ainda de que esta é uma carreira lenta. O que vai precisar acontecer, e não sei como fazer isso, é melhorar o salário do engenheiro. Não sei se por incentivo do governo, ou se o próprio mercado fará isso, ou a pressão dos empresários. No fundo, temos de desmistificar a carreira. O engenheiro não é nerd e nem ganha tão pouco.

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