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Depois de quase cinco anos de ajustes e negociações, a multinacional norueguesa Norske Skog, fabricante de papel imprensa, confirmou o investimento de US$ 200 milhões (cerca de R$ 428 milhões, pelo câmbio atual) para a ampliação da sua unidade fabril em Jaguariaíva, no Norte Pioneiro. Com a nova linha, a empresa deve aumentar a capacidade de produção – de 185 mil toneladas de papel para 385 mil toneladas por ano – e não precisará mais importar produto para atender a demanda brasileira. Hoje, a Norske vende 240 milhões de toneladas de papel por ano para clientes brasileiros, sendo 60 mil toneladas importadas de suas outras unidades fora do país.

A intenção de investir no Paraná foi anunciada pela empresa ainda em 2002 como uma das suas prioridades. "Foi uma batalha longa e difícil. Víamos as condições de viabilização do projeto piorando a cada dia", diz o vice-presidente de relações externas da multinacional, José Afonso Noronha. "Mas fizemos todos os ajustes necessários para nos adequarmos às condições atuais de câmbio e custos."

O recurso será aplicado na duplicação da linha de montagem e na modernização de uma máquina que está hoje na Noruega. O equipamento está parado desde o início do ano, quando uma unidade da empresa foi desativada. "Teremos uma unidade com melhor qualidade e maior velocidade de produção." A previsão é que a nova linha esteja concluída no primeiro semestre de 2009. A ampliação deve gerar 100 empregos diretos.

A principal briga da Norske para viabilizar o investimento era a possibilidade de compensação dos créditos de Imposto sobre Circulação Mercadorias e Serviços (ICMS). "Temos direito ao crédito na compra de matéria-prima, mas não conseguimos compensá-lo porque o papel imprensa não paga este imposto no consumidor final", diz. "O governo do estado não nos permite, por exemplo, transferir os créditos para terceiros, como acontece com os exportadores. Por isso, hoje, para nós, o ICMS é custo."

Outros dois fatores, segundo Noronha, dificultavam a implantação do projeto. "O câmbio atual é o primeiro empecilho para investimentos no Brasil." Apesar da valorização do real frente ao dólar facilitar a importação, Noronha diz que a parte doméstica do investimento, paga em real, encarece o orçamento na conversão. "Nosso estudo de viabilidade é feito todo em dólar. Quando transformamos esse gasto em real, ele fica muito alto." Segundo cálculos da multinacional, o custo de um investimento feito recentemente na China foi de US$ 900 por tonelada por ano. "No Brasil, ele não sai por menos de US$ 1,5 mil por tonelada/ano."

Outro problema que atrasou a aprovação do projeto junto à direção da Norske é o preço da energia. O insumo corresponde a 40% do custo total de produção da companhia, segundo Noronha. "O preço vem aumentando sem parar. A energia custa hoje duas vezes e meia mais do que há quatro anos", diz. "Mas o tempo estava contra nós. Se o problema hoje é o valor da energia, em breve será a disponibilidade. Corremos um sério risco de apagão. Não há nenhuma expectativa que o câmbio melhore e, se formos trabalhar com a esperança de que o ICMS deixe de ser custo, o projeto não sai nunca."

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