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Receita latino-americana

Pelo menos nove países das Américas Central e do Sul estão com programas de álcool em desenvolvimento. A maioria dos projetos foi criada nesta década.

Argentina – Aprovou recentemente sua lei de biocombustíveis, e em breve pode iniciar seu programa de produção de etanol – possivelmente a partir de milho, do qual o país é grande produtor.

Chile – O governo pensa em usar excedentes de menor qualidade da produção de uva e vinho, convertê-los em etanol e misturar de 5% a 10% na gasolina.Colômbia – Mistura 10% de álcool produzido localmente à gasolina consumida na região metropolitana de Bogotá e outras grandes cidades.

Peru – Tem interesse em desenvolver um programa de etanol, a partir da cana-de-açúcar. A cultura poderia substituir o cultivo de coca, mantendo a rentabilidade dos produtores.

Venezuela – Em algumas cidades, a estatal petrolífera PDVSA, em parceria com a Petrobrás, está adicionando 10% de álcool à gasolina, em substituição a aditivos tóxicos.

Costa Rica – A gasolina vendida no país contém 7% de etanol.

Jamaica, El Salvador e Guatemala – Desde o ano passado, adicionam 10% de álcool à gasolina.

A nova e ambiciosa meta dos Estados Unidos é consumir 132,5 bilhões de litros de combustíveis renováveis por ano até 2017, cinco vezes o previsto pela atual legislação, que é um consumo de 26,5 bilhões de litros anuais até 2012. Revestida de preocupação com o meio ambiente, a atitude de George W. Bush com o anúncio – que ainda precisa de aprovação no Congresso – foi uma de suas jogadas mais inteligentes desde que assumiu a presidência.

Em primeiro lugar, porque ele quer reduzir a dependência do petróleo importado de regiões problemáticas, como o Oriente Médio, e fornecedores pouco amistosos, como Irã e Venezuela. Hoje, os números absolutos são altos mas, proporcionalmente, os EUA consomem muito menos álcool que o Brasil. Cerca de 20 dos 51 estados permitem ou obrigam a adição de etanol à gasolina, geralmente com proporção máxima de 10%, enquanto no Brasil os veículos "flex" fazem sucesso há quatro anos – 80% dos vendidos atualmente são bicombustíveis – e a mistura de álcool anidro à gasolina é bem maior, oscilando entre 20% e 25%, e vale para todos os estados.

"Viciados em petróleo", como já disse o próprio Bush, os EUA consumem anualmente cerca de 550 bilhões de litros de gasolina, e a intenção é substituir 20% disso por biocombustíveis até 2017. Para se ter idéia do consumo americano, a produção total de derivados de petróleo no Brasil não fica longe de 100 bilhões de litros por ano.

A criação de um mercado internacional de etanol, por sua vez, reduziria a dependência americana da importação de poucos fornecedores. O Brasil é o principal deles: dos 3,5 bilhões de litros que o país exportou em 2006 – recorde histórico –, 1,6 bilhão de litros foram para os EUA. O volume equivale a seis vezes o que os norte-americanos haviam comprado dos brasileiros em 2005. Até 2003, esse volume nunca havia superado 40 milhões de litros.

A possibilidade de intercâmbio tecnológico com o Brasil, alimentada recentemente, pode ajudar os americanos a desenvolver a produção de etanol a partir de cana-de-açúcar, em estados mais ao Sul, como Texas, Louisiana e Flórida, além do Havaí, onde a cultura se adapta bem.

Mas o grande trunfo é o sonho norte-americano de transformar o etanol em vetor de integração regional nas Américas. Na prática, trata-se de uma tentativa de fortalecer a influência dos EUA no continente, que anda em baixa desde que o dinheiro do petróleo e as idéias "bolivarianas" do presidente venezuelano, Hugo Chávez, começaram a conquistar adeptos na Bolívia, Argentina e Equador.

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