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 | Aniele Nascimento/ Gazeta do Povo
| Foto: Aniele Nascimento/ Gazeta do Povo

O Citibank percebe o momento econômico retraído no país e assumiu expectativas conservadoras para suas contas, afirma o presidente do banco, Hélio Magalhães. "Um quadro de crescimento baixo, com juro alto e inflação é difícil. E não vemos como isso vai mudar no ano que vem, quando serão necessários ajustes [na política econômica]", diz. Depois de passar adiante 4,8 milhões de cartões de crédito com a venda do Credicard, em maio, o Citibank segue o atual plano de focar em negócios específicos em vez do grande público.

Mais do que arregimentar clientela, o banco, que atua em 160 países, quer aumentar participação nas operações dos clientes atuais – são cerca de 400 mil contas no Brasil. Ou seja, incremento de wallet share (participação na carteira), e não de market share (participação no mercado).

No caso de pessoas físicas, o foco do banco são clientes com renda familiar mensal acima de R$ 5 mil. "As necessidades de um cliente de baixa renda são muito diferentes das de um cliente premium", diz Magalhães. "A nossa é uma estratégia seletiva, é reconhecer as suas fortalezas e onde você não é competitivo".

Até o fim do ano, o Citi quer melhorar sua presença em capitais, reinaugurando no eixo Rio-São Paulo três agências no conceito smart branch, que enfatiza o atendimento virtual ao cliente. Por enquanto, não há plano assim para as agências de Londrina e Curitiba, apesar de a capital paranaense estar na lista de 150 cidades no mundo que o banco quer priorizar.

O Citi vê oportunidades hoje no Brasil?

O banco trabalha com três megatendências. Uma delas é a globalização. O fluxo entre países cresce mais do que a economia de muitos deles. O Citi tem experiência em trabalhar com multinacionais, foi assim que o banco veio ao Brasil em 1915. A segunda é a urbanização. O Brasil tem 50% da população em área urbana. Queremos priorizar cidades-chave para nossos negócios de pessoa física. Curitiba é uma delas, é uma prioridade em termos de investimento para novos produtos e serviços. A terceira [tendência] é a digitalização. O Citi vê oportunidade de trazer novos serviços a clientes, levando conveniência a eles. O banco tem metas para o Brasil?

Somos seletivos na nossa atuação aqui, uma vez que não é nossa estratégia competir com bancos locais, ou ser o banco com maior número de clientes. Nosso objetivo é criar relacionamentos de longo prazo, é ser o banco preferencial de nossos clientes. Número de clientes não necessariamente traduz a robustez do negócio. A relação bancária é de confiança, é construída por meio de um processo. Não acredito que um banco pode ser competitivo e adicionar valor atuando de A a Z. A carteira de crédito do Citi caiu no primeiro semestre cerca de 70%. Há expectativa de retomar isso?

Com a saída do Credicard [comprado pelo Itaú], cerca de US$ 2 bilhões foram junto com o negócio. Excluindo isso, o total de ativos do banco está flat [estagnado]. Cresceu em empresas, reduziu em pessoa física. Reflete o momento que estamos vivendo e nossa política de risco é conservadora. Infelizmente, quando a economia não cresce com robustez, empresas são as primeiras a sentir, em especial as médias. Na outra ponta tem a pessoa física, que pode ter perda de crédito em cenário de desemprego. Como trabalhamos em segmento seletivo, estamos menos propensos a esse ciclo econômico difícil. O Citi vê com bons olhos a medida da Fazenda, que em agosto mudou regras nas instituições bancárias para liberar crédito?

Algumas coisas [do pacote] incluem liberação de compulsório para a indústria, então você acaba participando. A decisão de liberar compulsórios é acertada, o Brasil é um modelo bancário com nível de compulsórios alto. Mas a gente vê que não existe apetite para crédito, tanto no segmento de pessoas e no de empresas. É uma ação na direção correta, mas acredito que o impacto não será significativo para gerar crescimento. O modelo de liberar crédito para acelerar consumo tem um limite e estamos perto dele.

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