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Greg Hankerson projeta móveis em estilo antigo e é vítima de falsificações vendidas através de sites que pertencem ao Alibaba | Caitln O’hara/NYT
Greg Hankerson projeta móveis em estilo antigo e é vítima de falsificações vendidas através de sites que pertencem ao Alibaba| Foto: Caitln O’hara/NYT

A partir de sua mesa, em sua oficina no centro da cidade, Greg Hankerson trava uma guerra contra uma empresa chinesa do outro lado do planeta. Hankerson e a esposa são proprietários da Vintage Industrial, que projeta e fabrica mesas, criados-mudos e outros móveis em estilo antigo. A empresa de 25 funcionários produz tudo em sua fábrica na cidade de Phoenix, capital do Arizona, nos Estados Unidos, e boa parte do processo é feito a mão.

Mas isso não protegeu Hankerson contra os falsificadores, que oferecem cópias baratas de suas criações na internet a partir de lojas virtuais como o Alibaba, a maior empresa de e-commerce da China. Ele encontra centenas de falsificações suspeitas de seus móveis nos inúmeros sites que pertencem ao Alibaba, incluindo o Taobao, uma plataforma de vendas onde os chineses negociam desde camisetas até televisores.

O fundador do Alibaba, Jack Ma, prometeu melhorar a situação de pequenas empresas por meio do e-commerce. Em janeiro, Ma, que é uma das pessoas mais ricas da China, prometeu a Donald Trump, que na época ainda não havia tomado posse como presidente dos Estados Unidos, que o Alibaba iria criar um milhão de empregos nos Estados Unidos conectando pequenas empresas como a de Hankerson com os clientes mais ricos da China.

Entretanto isso, Hankerson quer saber por que o Alibaba não faz mais para combater as falsificações. Ma “quer que a gente confie nele”, afirmou Hankerson. Entretanto, a empresa chinesa vende produtos falsificados.

Falsificações

O Alibaba é uma empresa avaliada em US$ 260 bilhões, com milhões de compradores utilizando suas plataformas de venda. Os chineses usam o site para comprar desde salgadinhos e bugigangas, até cabos para carregar telefones, ao passo que as marcas internacionais correm para sua plataforma de luxo, a Tmall. Na China, o Alibaba é o rei das startups em busca de clientes e seu sistema de pagamento online móvel é a menina dos olhos do Vale do Silício.

Isso faz com que muitas empresas, grandes e pequenas, se perguntem por que a gigante tem tanta dificuldade em encontrar as falsificações vendidas nos sites. Muitas pessoas afirmam que o sistema de denúncias de falsificações é difícil de usar e trava com frequência. Contra uma das maiores empresas de tecnologia do mundo, Hankerson utiliza seu iMac, um software de pesquisa de imagens que custa US$ 74 por mês, o telefone e muito tempo – às vezes, até 12 horas por dia.

Ainda assim, caso não invista esse tempo, ele teme que as réplicas de baixo custo possam acabar com o futuro da empresa. As lojas do Alibaba oferecem as cópias por uma fração do preço de Hankerson. Uma loja do Taobao vendia uma versão da mesa com pés em forma de A, que geralmente custa US$ 5.295 na loja do empresário, por apenas US$ 24.

Combate

O Alibaba sempre foi acusado de permitir falsificações em suas plataformas. Após reclamações de grandes grupos comerciais, o escritório de Representação Comercial dos EUA acrescentou no ano passado o Taobao à sua lista de “mercados conhecidos” pelo excesso de falsificações, depois de retirá-lo da lista quatro anos antes. A Kering, controladora das marcas Gucci e Yves Saint Laurent, processou o Alibaba há dois anos por conta do excesso de falsificações na plataforma. O site chinês, que está se defendendo contra o processo em uma corte federal em Nova York, afirma que a acusação não procede.

Em um relatório enviado à Representação Comercial dos EUA em outubro, o Alibaba descreveu a tecnologia e os recursos utilizados pelo site para combater as falsificações em suas plataformas. Como resultado, a empresa diz que eliminou automaticamente 380 milhões de produtos suspeitos em um período de 12 meses.

A Representação Comercial dos EUA e especialistas do setor afirmam que o Alibaba poderia e deveria fazer muito mais para combater produtos falsos.

“Eles são uma das maiores empresas de tecnologia do mundo. Esperamos que utilizem essa tecnologia para desenvolver soluções e garantir que estejam ao alcance de todos”, afirmou Stephen Lamar, vice-presidente executivo da Associação Americana de Confecção e Calçados, que representa muitas marcas afetadas pelas falsificações.

Para pequenas empresas, lutar contra falsificações pode “custar caro, ser frustrante e consumir muito tempo”, afirmou Lamar.

Outro lado

Um porta-voz do Alibaba afirmou que a ideia de que as pequenas empresas não recebem atenção é “falsa” e que elas também podem se candidatar a processos simplificados, caso seus pedidos sejam considerados procedentes. Ele acrescentou que o processo do site para remover ofertas suspeitas foi criado para responder ao grande número de denúncias fraudulentas que recebe.

“Existem áreas em que nosso sistema pode ser melhorado e se tornar mais eficaz, efetivo e fácil de usar e nós trabalhamos todos os dias para colocar essas melhorias em prática”, afirmou.

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