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Bitcoins dividem opiniões entre entusiastas e céticos |
Bitcoins dividem opiniões entre entusiastas e céticos| Foto:

A recente valorização estratosférica do Bitcoin deu bons argumentos aos defensores da moeda digital. Por sua vez, os céticos pedem calma.

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O aumento de mais de 100% do valor da moeda digital nos últimos dois meses parece assustadoramente familiar, argumentam os ponderados, lembrando de novembro de 2013, quando o preço quintuplicou em um curto intervalo, levando o valor do Bitcoin para além dos US$ 1.000 pela primeira vez na história. Em meados de fevereiro do ano seguinte, a moeda estava valendo metade disso e passou a maior parte dos dois anos posteriores abaixo de US$ 500.

Então, o Bitcoin explodiu – valorizando mais de US$ 1.400 em dois meses. Na alta da semana passada, um Bitcoin poderia comprar quase 60 gramas de ouro. Para muitos, a ocasião representaria a chegada da blockchain ao grande público, a tecnologia nos bastidores da moeda que, alegam, pode tirar pessoas da pobreza e tornar as transações mais seguras, baratas e eficientes.

Mas os sinais de que se havia batido em um teto começaram a aparecer, dizem os menos entusiasmados. Em 25 de maio, o Bitcoin subiu mais de US$ 300 e, no mesmo dia, desvalorizou esse tanto, fechando o dia praticamente no mesmo valor. Os US$ 600 de variação foi a maior em 24h da história. No dia seguinte, o valor da moeda digital caiu 8%. Hoje (31), um Bitcoin está valendo US$ 2.230. Para os céticos, essa instabilidade mostra a falta de confiança do ativo como uma reserva de valor.

Aqui estão alguns outros motivos que justificam o alerta de precaução em relação ao Bitcoin:

Questões de segurança

Os ataques de ransomware do início do mês serviram de lembrete de que o Bitcoin ainda é amado por hackers e criminosos devido ao grau maior de anonimato que a moeda digital confere.

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O valor do Bitcoin despencou em 2014 depois que o Mt. Gox, então a maior casa de câmbio de Bitcoins, informou que tinha sido violada e, sem seguida, declarou falência. Outra queda vertiginosa ocorreu em agosto de 2016, depois que hackers roubaram cerca de US$ 69 milhões do Bitfinex, com sede em Hong Kong. A casa reembolsou os clientes lesados.

Debates quanto à escala e tecnologia

A comunidade do Bitcoin está dividida há mais de um ano sobre como atualizar sua blockchain. O tempo e os custos necessários para verificar as transações subiram a níveis recordes, o que dificulta para as empresas usar a moeda digital como meio de pagamento.

Embora executivos de empresas que lidam com Bitcoins tenham dito que 2017 pode ser o ano em que a moeda digital realmente começará a ganhar escala, outros não têm tanta certeza.

Na semana passada, mais de 50 empresas assinaram um pacto para acelerar as transações, mas diferenças ideológicas têm impedido a implementação de acordos similares – como o alcançado ano passado, em Hong Kong. Uma atualização importante, a SegWit, foi lançada em outubro, mas apenas um terço da comunidade a abraçou até o momento.

Se a última proposta não conseguir ganhar força e o impasse continuar, os usuários da moeda digital poderão abandonar o Bitcoin em favor de moedas alternativas que ofereçam blockchains melhores.

Moedas digitais rivais

À medida que as valorizações recordes levam o mundo das moedas digitais para um frenesi, fica mais fácil perder de vista o panorama desse mercado. Enquanto o valor do Bitcoin aumentou em mais de 100% desde o início do ano, a sua fatia do bolo diminuiu na medida em que moedas rivais ganharam mais destaque.

Há cerca de 700 moedas rivais, de acordo com Ron Quaranta, presidente da Wall Street Blockchain Alliance.

O Bitcoin dominava cerca de metade do mercado global de câmbio digital até a última sexta-feira (26), abaixo de cerca de 85% em fevereiro, de acordo com dados da CoinMarketCap.com. Enquanto isso, a participação da Ethereum aumentou para cerca de 20%. Alguns defensores não estão preocupados, porém, dizendo que um possível desaparecimento do Bitcoin não importaria muito desde que outra moeda digital ocupe o espaço vago.

Não reconhecimento pelos governos

O público em geral não entende o Bitcoin e muitos órgãos reguladores também não, o que dificulta a regulação. Em 2015, Nova York começou a emitir licenças controversas para as empresas de moedas digitais, mas apenas três foram emitidos a partir de meados de janeiro, de acordo com a Coinbase, já que muitas startups não podiam pagar os custos da regularização.

O que você precisa saber do Bitcoin

Em janeiro, a Autoridade Reguladora da Indústria Financeira dos Estados Unidos solicitou ajuda ao público para identificar os riscos potenciais da blockchain. Dois meses depois, o Bitcoin despencou depois que a Comissão de Valores Mobiliários dos EUA rejeitou uma proposta dos gêmeos Winklevoss para um fundo de capital aberto com base na moeda digital.

Em um relatório publicado na semana passada sobre a blockchain na China, analistas da Sanford C. Bernstein escreveram que, embora a tecnologia possa beneficiar os bancos chineses, é improvável que comece uma revolução financeira.

"Acreditamos que a aplicação de blockchains é mais provável que seja mais evolutiva do que revolucionária em países em desenvolvimento como a China", disseram os analistas. "Além da atitude conservadora dos órgãos regulamentares em relação às inovações financeiras, a restrição da confidencialidade e o desempenho da tecnologia blockchain a posicionam melhor para ser orientada a empresas, e não para o consumidor".

Bolhas estouram

Seja a mania das tulipas da Holanda no século XVII ou o frenesi da Internet no final da década de 1990, a história mostra que os mercados se autocorrigem. Os mercados especulativos geralmente perdem o fôlego em algum momento. Determinar o gatilho é sempre a parte mais difícil. Dada o embalo acelerado recente do Bitcoin, alguns dizem que é difícil acreditar no mantra frequentemente citado que desta vez é diferente.

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