120 mil toneladas de sementes da Intacta estão prontas para serem vendidas pela Monsanto. A multinacional ainda não definiu o preço, mas estima que o volume será suficiente para suprir plantações de 2,5 milhões de hectares no Brasil, do Rio Grande do Sul ao Tocantins.
A soja transgênica Intacta RR2 PRO, que acaba de ser aprovada pela China e será produzida pela primeira vez em larga escala no Brasil a partir de setembro, chega ao campo com atraso de três safras e sob forte pressão de insetos, que ameaçam abreviar a "vida útil" da tecnologia. Ao mesmo tempo em que comemora a aprovação chinesa, a Monsanto, que desenvolveu a segunda geração de soja geneticamente modificada do Brasil, manifestou ontem preocupação com a proliferação da Helicoverpa armigea, lagarta que atacou fortemente a Bahia e atingiu os estados líderes na sojicultura como Paraná e Mato Grosso.
"Precisamos investir muita energia e recurso para ajudar o produtor a saber como usar essa tecnologia [da soja Intacta], para que ela não se perca", disse Márcio Santos, diretor de Produtos da Monsanto no Brasil. Ele considera que sem controle integrado de pragas ou sem adoção de áreas de refúgio (redutos de soja não-resistente a insetos, onde linhagens vulneráveis possam se perpetuar), a propriedade embutida nas sementes que mata os insetos passará a não fazer mais efeito.
O cultivo comercial da Intacta foi autorizado em 2010 pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), mas somente em 2012 o produto teve autorização para consumo na Europa, segundo maior mercado importador de grãos do Brasil. Sem aprovação da China, a Monsanto manteve a produção em fase de testes nas lavouras brasileiras em 2012/13. Agora, três safras depois da avaliação da CTNBio, é que a semente vai ganhar escala nas lavouras brasileiras. O diferencial sobre a primeira soja transgênica a RR1, tolerante ao herbicida glifosato, plantada por sete safras , é justamente a resistência a insetos.
A nova soja se tornou o assunto mais comentado no Caminhos da Soja no Brasil, encontro chancelado pelo jornal Valor Econômico que reuniu três ex-ministros da Agricultura (Alysson Paolinelli, Francisco Turra e Pratini de Moraes) e referências em pesquisa. O chefe-geral da Embrapa Soja, Alexandre Cattelan, disse que a semente Cultivance, que a instituição desenvolveu em parceria com a Basf e que também acaba de ser liberada para consumo na China, terá de esperar aprovação na Europa para começar a ser multiplicada.
Sementes
Ao todo, 1,5 mil produtores participaram dos testes da Intacta, que foi colhida e armazenada por sete empresas durante as safras passadas. São 120 mil toneladas ou dois navios carregados de Intacta, volume suficiente para plantar 2,5 milhões de hectares no país. O preço da tecnologia deve ser definido até a próxima semana.
O jornalista participou do encontro Caminhos da Soja no Brasil a convite da Monsanto e da CDI Comunicação Corporativa.
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