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A Europa ficou dividida em uma rixa histórica nesta sexta-feira (9) sobre o estabelecimento de uma união fiscal para preservar o euro, com a grande maioria dos países, liderados por Alemanha e França, concordando em ir adiante com um tratado separado, deixando o Reino Unido isolado.

Nove países estão prontos a se juntar aos 17 membros da zona do euro para esboçar um novo tratado intergovernamental a fim de aprofundar a união fiscal destinada a enfrentar a crise de dívida soberana na região, de acordo com um novo conjunto de esboços de conclusões da reunião de cúpula nesta sexta-feira (9). A decisão parece isolar o Reino Unido ainda mais como o único dos 10 países de fora da zona do euro na União Europeia a não concordar em aderir à mudança no tratado. "Os chefes de Estado ou de governo de Bulgária, República Checa, Dinamarca, Hungria, Letônia, Lituânia, Polônia, Romênia e Suécia indicaram a possibilidade de tomar parte neste processo depois consultar seus parlamentos onde apropriado."

Após 10 horas de reuniões, todos os 17 membros da zona do euro e seis países que pretendem se unir ao bloco resolveram negociar um novo acordo, ao lado do tratado da UE, com um regime mais duro de déficit e dívida para proteger as economias da crise da dívida. "Não a Europa, os britânicos é que divergiram. E eles estão fora da tomada de decisões. A Europa está unida", disse a presidente da Lituânia, Dalia Grybauskaite, ao chegar para o segundo dia da oitava cúpula emergencial da UE neste ano. O presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, classificou a decisão como um passo adiante para regras orçamentárias mais rígidas que, segundo ele, são necessárias se a união monetária de 17 nações quiser sair mais forte dos dois anos de turbulências de mercado. "Isso será a base para um bom pacto fiscal e para mais disciplina na política econômica dos membros da área do euro", disse Draghi. "Nós chegamos a conclusões que terão de ser mais concretizadas nos próximos dias." A chanceler alemã, Angela Merkel, disse estar muito satisfeita com as decisões. O mundo verá que a Europa aprendeu com seus erros, disse ela. Merkel, líder de maior poder na Europa, disse que não desistiu da esperança de que a Grã-Bretanha concordará eventualmente em mudar o tratado da UE para ancorar uma disciplina fiscal mais dura. Merkel e o presidente francês, Nicolas Sarkozy, pretendiam mudar o tratado de Lisboa para que os Estados do euro pudessem ser distinguidos na lei básica do bloco. Mas a Grã-Bretanha, que está fora da zona do euro, não quis apoiar a medida, dizendo querer garantias em um protocolo que proteja sua indústria de serviços financeiros. Sarkozy descreveu como inaceitável a demanda do primeiro-ministro britânico, David Cameron. Última chance

Durante a reunião considerada como última chance para salvar o euro, com os mercados financeiros não convencidos pelos esforços das autoridades até agora, os líderes também tomaram decisões importantes sobre o fundo permanente de resgate, o Mecanismo Europeu de Estabilidade (ESM), que entrará em vigor antecipadamente em julho de 2012. Mas os líderes decidiram que o ESM terá uma capacidade efetiva de financiamentos de 500 bilhões de euros, e não será autorizado a atuar como um banco, conforme quer a França. Tal autorização permitiria ao ESM refinanciar-se nas operações de liquidez do BCE e daria a ele enorme poder de fogo, mas isso quebraria as regras da UE, que proíbem o BCE de financiar déficits governamentais. A cúpula da UE também acertou que países do bloco forneçam até 200 bilhões de euros em empréstimos bilaterais ao Fundo Monetário Internacional (FMI) para ajudá-lo a combater a crise, com 150 bilhões vindos de países do euro.

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