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O Pix, sistema nacional de pagamentos instantâneos desenvolvido pelo Banco Central, acumula mais de 90 milhões de transações desde que entrou em operação no mês de novembro. O número é bem avaliado, mas a perspectiva dos responsáveis é pelo aumento gradual da adesão em 2021. Segundo o BC, 46,4 milhões de cidadãos e 3 milhões de empresas já cadastraram chaves para aumentar a agilidade no uso da plataforma em transferências diretas de pessoa a pessoa, para pagar por serviços e produtos ou para transações entre empresas.
Para os próximos meses, a expectativa é pela ampliação da adoção do Pix como meio de pagamento nas mais diversas situações. Nessa lista estão contas de serviços essenciais, como água e luz, a arrecadação de tributos e a eventual substituição de boletos de cobrança.
Saltos maiores, como a internacionalização do Pix, também estão na mira do BC, mas não antes de 2022. Segundo João Manoel Pinho de Mello, diretor de Organização do Sistema Financeiro do Banco Central, o foco para 2021 são funcionalidades consideradas mais urgentes.
"A possibilidade de você fazer um Pix fora do Brasil está na agenda evolutiva, mas não para 2021. [Será em] 2022 ou 2023 e tem uma razão para isso. Temos que fazer uma certa priorização porque o Pix será uma plataforma multifuncional flexível sobre a qual vários modelos de negócios vão surgir. [...] Nesse movimento de priorização, há coisas que nós achamos que não são necessariamente mais importantes, mas prementes", resumiu Mello durante evento online realizado em novembro.
Para 2021, o Banco Central planeja estudos e disponibilização de novos recursos como saques, Pix Garantido, pagamentos por aproximação e a ampliação do uso do QR Code para viabilizar operações offline.
Quatro novidades do Pix para 2021
- Saque via Pix
Primeira novidade já prometida pelo Banco Central é o saque, a ser realizado no comércio. A ferramenta vai funcionar de modo similar a uma compra. Ao solicitar o serviço e confirmar a operação, o usuário autoriza a transferência daquele valor para o estabelecimento comercial e sai de lá com dinheiro vivo na mão. Na avaliação do Banco Central, a funcionalidade amplia o leque de opções ao consumidor (que não fica restrito a agências bancárias, caixas eletrônicos ou lotéricas) e beneficia também o varejista, que terá menos numerário em caixa.
- Pix agendado e garantido
A agenda traz também a previsão do chamado Pix Garantido. É uma transação irrevogável atrelada a financiamentos de crédito oferecidos por parte da instituição financeira do usuário. Ele aparece em paralelo à possibilidade de movimentações agendadas. O recurso deve tornar o Pix uma alternativa ao cartão de crédito, permitindo parcelamentos.
Da maneira como funciona atualmente, o Pix autoriza apenas a realização de transações em tempo real, no mesmo momento em que a ordem de pagamento é dada. A partir da possibilidade de operações programadas para datas futuras, entretanto, surge o risco da sua não efetivação por eventual falta de liquidez na conta que enviaria o dinheiro. Com a oferta de um limite por parte do banco ou fintech, esses pagamentos serão honrados, com garantia para quem recebe.
- Pagamentos por aproximação
Mais uma conveniência que vai chegar ao Pix em 2021 é o uso de tecnologias como o NFC ("Near Field Communication"), que permite troca de informações por aproximação, já conhecida pelos usuários brasileiros e disponíveis nas maquininhas de pagamento. A funcionalidade é desenvolvida de modo conjunto entre as instituições financeiras participantes do sistema de pagamentos instantâneos e o Banco Central.
- Pix offline
Os QR Codes, já usados no Pix para a realização de pagamentos, ganharão nova função. Os códigos de resposta rápida poderão ser cadastrados também para afastar a obrigatoriedade de o usuário estar permanentemente conectado à internet para usar o sistema. Ainda não há detalhes sobre a operacionalização, mas a funcionalidade deve permitir que recebedor e pagador roteiem conexão para que a transação seja concluída.
O Pix em 2020
Após uma fase inicial de testes e funcionamento parcial, o primeiro mês de operação ampla do Pix (de 16 de novembro a 15 de dezembro) movimentou um volume financeiro acumulado de R$ 83,4 bilhões por meio de 92,5 milhões de transações. Os dados são do Banco Central. Naquele momento, o país já somava mais de 116 milhões de chaves cadastradas – 46,5 milhões de pessoas físicas e 3 milhões de empresas.
Os números são considerados expressivos pela autoridade monetária. Em coletiva realizada pelo BC, o diretor João Manoel Pinho de Mello afirmou que esses resultados apontam que um terço dos indivíduos que têm algum tipo de relacionamento no Sistema Financeiro Nacional embarcou no Pix. A comparação se baseia no mais recente Relatório de Cidadania Financeira do Banco Central, segundo o qual ao menos 140 milhões de brasileiros mantêm instrumentos como conta corrente, poupança ou contas de investimentos.
Transações via Pix podem ser realizadas a qualquer dia e horário, inclusive nos fins de semana, feriados e madrugadas. O sistema ainda permite efetivação praticamente instantânea, diretamente de conta a conta.