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No próximo ano, o berço da internet completa meio século. Isso mesmo: a Darpa (Defense Advanced Research Projects Agency, ou Agência de Pesquisa em Projetos Avançados de Defesa) foi bolada pelo governo americano em 1958 para fazer frente ao lançamento do satélite Sputnik pelos soviéticos, e no fim dos anos 60 criou a Arpanet, primeira rede operacional de troca de pacotes, para comunicação de dados. Foi ela a predecessora da internet, que hoje já tem 120 milhões de sites. Mas o que a Darpa faz hoje, no meio da revolução da informação? Uma das áreas mais fortes em que a agência vem investindo é a que mistura computação com neurociência. Tudo indica que pode vir do meio militar (de novo) a próxima fronteira tecnológica.

O projeto mais recente nessa área pretende criar binóculos especiais para soldados no campo de batalha – binóculos acoplados ao cérebro dos recrutas. Eles seriam capazes de alertar áreas do órgão responsáveis por controlar a quantidade de luz que a retina dos olhos recebe, além de estimular a visão de objetos, rostos, formas e cores, detectando mais rapidamente os alvos designados pelos comandantes. Graças à hipersensibilidade conferida pelo gadget, os soldados também ficariam mais alertas para eventuais aproximações furtivas do inimigo e seriam capazes de descobrir atiradores disfarçados em algum ângulo do terreno.

Mas este não é o único projeto da agência. Existem vários outros. Eles contam com uma divisão para tecnologias de processamento de informação, cuja missão é projetar sistemas computacionais realmente cognitivos, capazes de raciocinar baseados em informações, aprender com a experiência e se expressar convenientemente – respondendo inclusive a situações imprevistas. Tal descrição nos faz pensar no HAL 9000 do filme 2001... Só se espera que tais sistemas não enlouqueçam como ele.

Já em 2005, uma das diretoras da divisão, Barbara Yoon, comentava numa apresentação no evento anual da agência (o DarpaTech) que desde o começo do novo milênio "a idéia tem sido criar tecnologias que adquiram conhecimento, raciocinem, resolvam problemas de forma flexível em novas situações, aprendam e sejam criativas".

Computadores mais humanos

A Darpa não esqueceu da grande rede. O especialista em segurança Marcos Sêmola, diretor de operações de informação de risco da Atos Origin em Londres, aponta para outras áreas de interesse em que a agência se mantém ativa – áreas cruciais para a boa evolução da internet como a conhecemos. "Muitos dos projetos deles se mantêm na zona da infra-estrutura e protocolo, o que é uma boa notícia, dada a competência demonstrada ao criar a Arapanet", comenta.

O especialista também chama a atenção para o projeto PAL (Assistente Personalizável que Aprende, na sigla em inglês), que busca criar sistemas cognitivos para auxiliar e interagir com comandantes para planejar e executar missões. Sem dúvida, estes projetos são ainda voltados para a área militar, onde a agência atua, mas é fácil ver os benefícios que os sistemas baseados na mente humana trarão para nossa integração com os computadores no cotidiano futuro.

Hoje, quem se senta na frente de um computador sem nunca ter usado a máquina anteriormente se sente perdido – ainda é preciso aprender a usá-lo, e o processo de aprendizagem pode ser exaustivo. Num computador cognitivo, mais adaptado à nossa mente, a comunicação homem-máquina começaria a ficar mais simples. "Já tivemos o grande boom dos sistemas de informação na década passada, e agora estamos passando para a era da biologia computacional", diz Karin Breitman, doutora em ciência informática e autora de Web semântica: a internet do futuro.

A cobaia

Um workshop sobre computação inspirada pela biologia vai acontecer em Lisboa, Portugal, em setembro próximo. Ali se estudará o cruzamento de modelos de biologia e de computação para entender melhor como os dois podem (ou não) se misturar. "Foram ligados eletrodos no cérebro de um macaco, na área que controla e reproduz os movimentos do braço", relata Karin, que faz parte do Ifip (Federação Internacional do Processamento de Informações). "Observaram-se os disparos nos neurônios que resultavam no movimento muscular do braço. Então, foi criado um algoritmo para emular estes comandos cerebrais e mover o braço de um robô. Este foi ligado a um joystick."

Em seguida, o macaco foi instado a jogar um videogame simples, com o joystick (tinha de botar um cursor sobre uma bola). Toda vez que acertava, era recompensado. Finalmente, o joystick foi retirado e os eletrodos no cérebro do macaco foram ligados diretamente ao braço do robô. Quando o macaco pensava nos movimentos e seu cérebro emitia os disparos, o braço do robô passou a se mexer sozinho para acertar no jogo. Instigante e assustador, ao mesmo tempo.

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