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Já se foi o tempo em que transportar uma carga era colocar a mercadoria no caminhão e o pé na estrada. Para ser motorista das grandes transportadoras hoje, não basta só saber dirigir. É preciso ter conhecimento de informática e seguir rigorosamente as orientações traçadas pela chefia. O funcionário sai com rota determinada, pontos e tempo de parada previamente escolhidos e precisa digitar uma série de comandos para que o veículo não pare de repente, por conta de um acionamento de alerta de segurança.

O rígido acompanhamento virtual feito com rastreamento por satélite e envio de informações por meio do computador parece coisa de "reality show". Se o motorista pára fora do ponto combinado, demora mais tempo do que o esperado ou ultrapassa o limite de velocidade, a central de monitoramento é informada. "O motorista não viaja sozinho. Do centro de controle recebemos todas as informações de como ele está conduzindo o caminhão", avisa o gerente de operação e logística da transportadora gaúcha Plimor, Márcio Pires de Lima.

A empresa, que tem unidade em Curitiba, investiu alto nos últimos anos para se fortalecer como referência em termos de segurança. É o que garante a ela clientes na área de eletroeletrônicos e medicamentos. "Além do controle dos caminhões, temos um centro de controle em Farroupilha, de onde monitoramos as 130 câmeras instaladas nas unidades onde ficam estocados os produtos", afirma Lima.

Érico Teles de Ramos, motorista há 18 anos, diz que as inovações tornaram a viagem mais tranqüila do ponto de vista da segurança, mas que não é qualquer profissional que se enquadra. "Aquele motorista acostumado a mexer na mecânica do caminhão, fazer paradas mais longas, andar de bermuda e chinelo não se enquadra. A exigência é grande, mas em compensação esses caminhões não deixam a gente na estrada. Qualquer problema o veículo mesmo avisa, até a hora da troca de óleo", diz ele, que trabalha como instrutor na Plimor.

A América Latina Logística (ALL) também controla com rigor o desempenho dos funcionários. "A gente acompanha online o que está acontecendo. Se o motorista passa da velocidade, não é preciso analisar o tacógrafo, ficamos sabendo na hora. Isso aumenta a segurança do serviço e o controle de produtividade", informa o diretor de logística empresa, Alexandre Santoro.

Mas cobrança de prazos e produção não é exclusiva dos grandes veículos. Os "pilotos" das empilhadeiras da DHL Exel Supply Chain, no Centro de Distribuição da Kraft Foods, também têm o tempo de execução das tarefas controlado.

A busca de otimização no setor de transporte inclui ainda o uso constante dos caminhões. Os veículos não ficam mais parados – circulam dia e noite, com motoristas diferentes. Em sistemas de carga fracionada, operação mais comum para os clientes que necessitam de várias entregas de pequenas quantidades, o veículo grande faz a distribuição das cargas em centros de distribuição, enquanto caminhões menores levam para o destino final. Tudo para economizar tempo. "Antes você esperava dez dias para receber um produto. Hoje tem horários pré-definidos e é possível rastrear o que está acontecendo com a encomenda", lembra o o coordenador do Laboratório de Aprendizagem em Logística e Transportes (Lalt) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Orlando Fontes Lima Júnior.

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