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Na avaliação do ex-ministro da Fazenda Luiz Carlos Bresser Pereira, professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV-SP), ao contrário do que aposta o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o Brasil ainda tem muito trabalho pela frente se quiser voltar a crescer com vigor – acima dos cerca de 3%. Na "lição de casa": políticas de juros e cambial adequadas e um ajuste fiscal completo. "O país reúne condições para retornar ao crescimento econômico. Mas os brasileiros precisam voltar a pensar com a própria cabeça. Precisam deixar de imaginar que são colônia e fazer tudo que o Fundo Monetário Internacional (FMI) ou o Banco Mundial nos sugere", disse ontem, em Curitiba, o ex-ministro e professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV-SP). Bresser participou do seminário "Macroeconomia da Estagnação Brasileira" promovido pelo Centro de Pesquisas Econômicas da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Além do ex-ministro, participaram o chefe da assessoria econômica da Casa Civil, Antônio José Alves Júnior e o diretor superintendente do Instituto Brasileiro de Qualidade e Produtividade (IBQP) no Paraná, Carlos Artur Krüeger Passos. No centro da discussão estava a estagnação econômica brasileira dos últimos 25 anos.

"Durante 14 anos você explicava isso com a alta inflação e a crise fiscal do estado. Depois, a inflação foi controlada e falar em crise fiscal já não é mais razoável, apesar do desequilíbrio que ainda existe. No entanto, a economia permaneceu estagnada", destaca o ex-ministro. Ele acredita que para mudar esse cenário o país precisa passar por um ajuste fiscal mais duro, reduzir a taxa de juros de forma mais rápida e, assim, passar a crescer com a própria poupança, e não mais a externa. O presidente do Instituto Brasileiro de Qualidade e Produtividade (IBQP), Carlos Artur Krüeger Passos, acredita que o crescimento econômico depende da capacidade do país de "desatar o nó" que reside na política monetária. "Temos que reduzir a taxa de juros e fazer com que a imensa riqueza acumulada de forma estéril sob a forma de títulos governamentais progressivamente se transforme em investimento produtivo."

O economista José Luís Oreiro, professor da UFPR, concorda e espera uma taxa de juro real entre 5% e 6%, com uma taxa Selic entre 10% e 11%, considerando uma inflação de cerca de 4%, para que se desenhe um cenário mais favorável ao crescimento. Oreiro defende também uma interferência mais forte do governo no câmbio. "Para o país voltar a crescer, é preciso administrar a flutuação cambial." Em um câmbio competitivo, segundo Oreiro, o dólar seria vendido entre R$ 2,50 e R$ 2,60.

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