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Rio de Janeiro – Hoje nós o tomamos como uma coisa rotineira. Você vai a qualquer lugar e compra um, virgem, por menos de R$ 1. E nos lembramos muito de sua utilidade como mídia de armazenamento, já que hoje não existe computador sem drive que o leia. Mas o compact disc, ou CD, que acaba de completar 25 anos e é um verdadeiro sobrevivente da indústria da tecnologia, surgiu pensando não em capacidade, mas em fidelidade. Fidelidade de áudio. É o que lembra Walter Duran, diretor de tecnologia da Philips, há 31 anos na empresa, que viveu a época de lançamento da mídia. Ela veio de uma parceria internacional da empresa holandesa com a Sony, que começou em 1979 e culminou no lançamento do CD em 1982. O primeiro CD saiu de uma fábrica da Philips na Alemanha, em Langenhagen, perto de Hannover. Havia terminado uma era de tecnologia cujo material ia se desgastando à medida que era usado. Sim, pois as fitas cassetes e os discos de vinil sempre foram se acabando aos poucos. "Na fita, analógica, você grava uma imagem da onda sonora no suporte físico – no caso, o meio magnético. Como se fosse uma foto", explica o físico Aroaldo Veneu no livro Como fazer CDs de Alta Qualidade. "Com o tempo, essa imagem vai esmaecendo. As ‘cores’ vão se perdendo e a nitidez do som vai sumindo. Isso funciona para o vinil também, pelo atrito da agulha com a superfície." Já o CD consiste num disco óptico com um monte de furinhos que podem ou não ser lidos por um raio laser vermelho, gerando a informação de modo digital, sem desgaste da mídia, que é recoberta por um tipo de plástico.

"É importante lembrar que essa tecnologia de furinhos, grosso modo, é antiga, remetendo a pianolas do Velho Oeste e a caixas de música de antanho", lembra Duran. "A questão era transpor essa idéia para uma mídia óptica, de modo a evitar as perdas progressivas de qualidade de fitas cassete e LPs."

O CD foi criado sob os auspícios de uma gravadora, a Polygram, da qual a Philips era dona na época. Inicialmente, a idéia era criar um disco que comportasse uma hora de áudio, mas a força-tarefa de engenheiros e técnicos das duas empresas resolveu ampliar este tempo para 74 minutos. O motivo? Espaço suficiente para caber a Nona Sinfonia de Beethoven inteira.

Apesar disso, o primeiro CD musical que saiu da fábrica foi de música pop: The Visitors, do grupo sueco Abba. As especificações técnicas do disquinho já haviam sido publicadas em junho de 1980, mas ele saiu da fábrica na Alemanha no dia 17 de agosto de 1982 e estourou primeiro no Oriente. No começo de 1983, chegou aos Estados Unidos. O sucesso da mídia também se deveu ao esforço das parceiras para tornar a inovação o mais aberta e padrão possível.

"Queríamos gravar mídias com qualidade num espaço pequeno e que fosse praticamente indestrutível", conta Duran. "Entre os primeiros conteúdos distribuídos, de fato estavam apresentações de grandes orquestras sinfônicas, já que o pessoal da música clássica é bem exigente em termos de fidelidade."

Segundo ele, um CD pode durar até 200 anos (fontes mais conservadoras estimam essa vida útil em 50 anos), ou enquanto durar o plástico usado na mídia. "Além disso, um CD velho pode ser copiado ipsis literis para um CD novo, que reproduz exatamente o número de furos nele. O que não acontece com uma fita cassete, por exemplo. A cada cópia, ela vai perdendo 20% a 30% de fidelidade", explica.

Ele ainda tem o primeiro CD player lançado, o FD-1000 (também chamado Magnavox), que se parece com uma vitrola ou videocassete: uma caixa gigantesca para os padrões atuais. Antes dele, só houve um protótipo de tocador da Sony, de 1981.

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