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O professor Luiz Gustavo Bendlin mantém 40% de seu patrimônio aplicado em ouro | Marcelo Elias/Gazeta do Povo
O professor Luiz Gustavo Bendlin mantém 40% de seu patrimônio aplicado em ouro| Foto: Marcelo Elias/Gazeta do Povo
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Enquanto grande parte dos ativos financeiros tiveram o valor corroído pelos efeitos da crise econômica internacional, o ouro registra forte valorização e atrai um número cada vez maior de investidores.

Desde setembro de 2008, mês que marca o estouro da crise no mercado norte-americano, a procura pelo metal precioso cresceu em média 40% no Brasil, segundo corretoras que operam com este ativo na Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F). O movimento é impulsionado principalmente por pessoas físicas, que migram de outras formas de investimento em busca de segurança. No mercado internacional, o preço da onça-troy do ouro – equivalente a 31,104 gramas – negociado na Bolsa Mercantil de Nova Iorque (Nymex) fechou 2008 com valorização de 4,3%. Somado o efeito da alta do dólar, que tem influência sobre a cotação do ouro no Brasil, o ganho para o investidor brasileiro é ainda maior. Em 1º de agosto do ano passado, antes da crise, o grama do metal era negociado por R$ 46; até dezembro houve uma valorização de 32,6%, com o ouro cotado a R$ 61. Neste ano, o ouro continua em trajetória de alta. Na última sexta-feira, estava cotado a R$ 67 – uma valorização de 45,7% de agosto até hoje. Nesse mesmo período, o índice Ibovespa, da Bolsa de Valores de São Paulo, recuou 31,8%. "Em tempos de crise, seja ela uma guerra ou um colapso econômico, a primeira coisa que os investidores procuram é o ouro, que é um ativo que não perde o valor. Você pode perder na aplicação, mas a médio e longo prazo, como investimento, você não perde", garante o operador financeiro da corretora Ourominas, Mauriciano Cavalcante.

Segundo o especialista, a escassez do metal e a perspectiva de esgotamento das minas produtoras ao redor do mundo são fatores que indicam que a alta dos preços deve se acentuar ainda mais no futuro. Dados da GFSM, uma consultoria internacional especializada no mercado de metais preciosos, publicados na última edição da revista inglesa The Economist, apontam para uma queda de 4% na produção mundial de ouro em 2008.

No Brasil, o preço do grama do ouro sofre influência direta da cotação internacional da onça-troy em Nova Iorque e da flutuação do câmbio.

O assessor de investimentos da corretora Souza Barros, Luiz Roberto Monteiro, lembra que o mercado brasileiro de ouro viveu seu "período áureo" nas décadas de 80 e 90, quando o metal funcionava como uma espécie de blindagem à hiperinflação. "Com o passar dos anos, outros ativos mais sofisticados foram criados e o mercado de ouro perdeu um pouco de liquidez; e liquidez é a primeira regra para ser observada para quem vai investir", pondera.

Como investir

O economista Marcelo de Faro, da Intra Corretora de Valores, explica que no Brasil existem duas formas legalizadas de se investir em ouro: o chamado "mercado de balcão" ou através da BM&F.

O mercado de balcão é formado por corretoras credenciadas no Banco Central e na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e permite ao pequeno investidor comprar qualquer quantidade de ouro a partir de 1 grama. Nesta modalidade, a guarda (custódia) do ouro físico fica sob responsabilidade do comprador.

O mercado de ouro da BM&F, por sua vez, é mais indicado para grandes investidores, uma vez que só negocia contratos em lotes-padrão de 250 gramas de ouro – ou seja, a aplicação mínima exige quase R$ 16,5 mil e o aplicador só pode adquirir lotes inteiros de 250 gramas. Para operar, o investidor precisa ter uma conta investimento em uma corretora de valores. A partir da compra, ele pode deixar o ouro guardado pela própria BM&F ou por algum banco autorizado. Por este serviço, é cobrada uma taxa de custódia, além do seguro. Ao todo, a transação acaba custando cerca de 0,85%, entre seguro, taxa de custódia e taxas corretagem. O único imposto pago por quem investe em ouro é o Imposto de Renda (IR). A alíquota é de 15% sobre o lucro da operação.

O ouro negociado e aceito no mercado – tanto de balcão quanto na BM&F – é o ouro com 999,9 de grau de pureza, considerado 100% puro e de 24 quilates.

Conhecimento que vale ouro

Provavelmente você já ouviu falar que conhecimento vale ouro. O professor universitário Luiz Gustavo Bendlin pode ser considerado um exemplo concreto de que a máxima é verdadeira. Ele deu seus primeiros passos como investidor comprando cotas de fundos de ações do setor energético. A partir daí, ele aplicou o princípio de que qualquer tensão internacional influencia diretamente a cotação do ouro, e com os dividendos dos fundos passou a comprar o metal no mercado de balcão. Comprando em maiores quantidades e com maior frequência, foi orientado por seu gerente de investimentos a operar diretamente na BM&F. Desde então, como estratégia, o professor mantém 40% de seu patrimônio aplicado em ouro. "Isso tudo muito antes da crise, antes mesmo da queda das Torres Gêmeas", diz o professor, dando a entender que seu patrimônio cresceu muito desde então.

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