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Um dos livros que mais venderam no Brasil no período de dois anos, alcançando 1,1 milhão de exemplares, O Monge e o Executivo fez muito mais sucesso por aqui do que em seu país de origem. "The Servant" (o título em inglês significa "o servo"), que transforma em ficção um conceito de liderança baseado em Jesus Cristo, vendeu 200 mil cópias em oito anos nos Estados Unidos. O segundo livro do autor James C. Hunter sobre o tema, "Como se tornar um líder servidor", vendeu no Brasil 160 mil. O terceiro, que ele promete para março de 2007, promete se equiparar em vendas ao primeiro, pois é a continuação da história.

Nela, um gestor de sucesso percebe que está fracassando em casa, no próprio trabalho e com o time do qual é treinador. É convencido a passar uma semana num monastério beneditino onde tem aulas de liderança com um monge que já foi um alto executivo.

"Acho que os brasileiros amam histórias, e por isso o livro fez tanto sucesso por aqui", disse Hunter nesta semana em Curitiba, momentos antes de subir ao palco da Federação das Indústrias do Paraná para falar a 700 pessoas que pagaram R$ 400 para ouvi-lo. Segundo o autor, o título brasileiro também ajuda muito. "Os brasileiros, muito religiosos, gostaram dessa idéia de um executivo um tanto perdido que precisa ser auxiliado pelo monge."

Depois de se tornar o novo guru nacional, Hunter já fez seis visitas ao Brasil. A novidade do tema liderança no país também é apontada por ele como uma motivação para comprar o livro, que tem preço acessível de R$ 20. Mas, para quem pretende usar o que o livro ensina no ambiente de trabalho ou em casa, esse custo inicial baixo é só o começo do preço a pagar. "Vocês querem mudar mesmo ou só ler mais um livro?", ele pergunta no início da palestra.

A liderança servidora define a disposição do líder de se sacrificar pela equipe, cujas características são familiares para quem aprecia o texto bíblico de Coríntios 13 ou sua versão musicada na voz de Renato Russo. Paciente, bondoso, respeitoso, honesto, engajado, altruísta e piedoso. "Uma criança não nasce com nada disso. Essas qualidades se aprende. É como mudar um mau hábito, mas requer muita prática", diz Hunter.

Em seu trabalho como consultor e professor in company, Hunter fala abertamente que sua missão é ensinar as pessoas a amar. Mas ele confessa que nem sempre foi tão entusiasmado assim e levou seis anos para terminar a faculdade. Depois disso, passou a observar que tipo de liderança funcionava e percebeu que era aquele utilizado por líderes que fazem tudo para satisfazer as necessidades da equipe – e não todas as suas vontades.

"Aprendi isso na pele com meu primeiro chefe, que me inspirou a criar o personagem Simeão (o monge). Ele era mestre na arte de abraçar na hora certa e repreender quando preciso."

O Brasil abraçou a mensagem. "Nossa gestão brasileira ainda tem resquícios de autoritarismo", acredita Dante Yasuda, gerente de RH da fabricante de ar condicionado Denso. "As coisas estão indo muito melhor depois que li o livro e estou mais feliz", confessa a gerente de engenharia dos Correios, Elisabeth Soares.

"Aprendi uma coisa simples que é amar as pessoas. Mas o amor de que Hunter fala não tem muito a ver com sentimentos, e sim com comportamento."

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