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| Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo

A operadora Oi iniciou nesta semana a demissão de 2 mil funcionários, que representam 12% de sua força de trabalho. A informação foi antecipada nesta terça-feira (10) pelo colunista do jornal O Globo Lauro Jardim.

Os desligamentos começaram a ocorrer dois dias antes da companhia divulgar os resultados do primeiro trimestre. A intenção é reduzir de 15% a 20% os gastos com a folha de pagamento.

Em nota, a empresa não cita o número de cortes, mas afirma que o objetivo é “manter níveis de rentabilidade e produtividade para fazer frente ao cenário macroeconômico atual”. A operadora deve apresentar em breve sua proposta de renegociação de dívida. Nesta terça, na Bovespa, as ações ordinárias da Oi subiram 1,25%, a R$ 0,81.

O anúncio de novas demissões na Oi ocorre depois de pouco mais de um ano de outro corte profundo na companhia. Em abril de 2015, a empresa anunciou o desligamento de 1.070 funcionários.

O corte deste ano está focado na área administrativa, sendo que funcionários operacionais estão sendo preservados. Entre os demitidos, haverá um grande número de executivos, que têm salários mais altos.

Segundo o presidente do SinttelRio e secretário geral da Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Telecomunicações (Fenattel), Luís Antônio Souza, a maior parte das demissões será no Rio, sede da empresa, com 800 desligamentos. O sindicalista informou ainda que foi negociado um pacote de benefícios para os demitidos, que inclui, por exemplo, a manutenção do plano de saúde e odontológico por um período de seis meses.

Perdas

Para especialistas, as demissões têm mais efeito para reforçar junto ao mercado o empenho da companhia em sua meta de cortar custos e reduzir o endividamento bilionário do que para uma melhora direta no caixa.

“As demissões são mais uma atitude para demonstrar compromisso com a virada do que algo que tenha efeito prático. A Oi demorou demais para fazer um plano de reestruturação de dívida. A companhia continua gerando resultado negativo, e a solução só virá se o negócio apresentar viabilidade”, avalia Adeodato Volpi Netto, da Eleven Financial Research.

A estimativa da Eleven é que as perdas da tele sejam cerca de 10% maiores do que o prejuízo de R$ 4,5 bilhões no quarto trimestre. A companhia fechou 2015 com dívida bruta de R$ 54,98 bilhões, e 70% estão nas mãos de estrangeiros.

Entre as propostas em discussão para equacionar a dívida há a possibilidade de conversão de débitos em ações, em caixa ou em nova dívida. Os títulos poderiam ser renegociados com deságio de 70% a 80% do valor de face, segundo fontes próximas à negociação. É o que a Oi vem tratando em acordo com a Moelis & Company, assessoria de um grupo de detentores de títulos emitidos pela companhia e afiliadas.

Banda larga fixa

Em março, as três agências de classificação de risco – Moody’s, Fitch e Standard & Poor’s (S&P) – rebaixaram a nota de crédito da Oi. No mês passado, a S&P anunciou nova redução do rating para CCC-, o que indica risco de inadimplência. A meta da Oi é concluir a renegociação da dívida até o fim do ano. Fontes de mercado afirmam que o governo vem acompanhando cada passo da tele em suas negociações com credores.

“O problema da situação da Oi é a banda larga fixa. Em muitas cidades menores, ela é praticamente a única provedora do serviço. E a crise traz para a companhia uma redução no nível de investimento. Isso tem consequências do ponto de vista da qualidade dos serviços”, diz Eduardo Tude, diretor da consultoria Teleco.

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