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De acordo com os entrevistados pela iBrain, a alta mais impactante foi nos preços dos alimentos, com 33% das respostas | Antônio More/ Gazeta do Povo
De acordo com os entrevistados pela iBrain, a alta mais impactante foi nos preços dos alimentos, com 33% das respostas| Foto: Antônio More/ Gazeta do Povo

CONTROLE APERTADO

O índice que mede a alta nos preços não é definido apenas pela dinâmica de mercado. Veja que ferramentas o governo têm para tentar controlar a inflação:

• Preços administrados

Alguns produtos ou serviços contam com o controle direto do governo nos seus preços. Este é o caso da energia, combustíveis e da tarifa do transporte público. No total, o conjunto de preços administrados corresponde a quase um quarto do cálculo do IPCA. A administração pública segura as altas nestes itens para que a inflação se mantenha dentro da meta estipulada. No Paraná, por exemplo, a energia elétrica está com uma defasagem de 15% no seu preço. Em todo o país, a gasolina está cerca de 16% abaixo do preço por conta do controle governamental.

• Taxa de juros

O governo também pode usar a taxa básica de juros para tentar frear a subida de preços. Ao aumentar os juros, o ímpeto da demanda – que provoca o aumento de preços – tende a ser menor. Nos últimos 24 meses, o Conselho de Política Monetária elevou a taxa Selic de 7,25% ao ano para 11% ao ano.

• Câmbio

A relação do real com o dólar também afeta diretamente no comportamento dos preços. Com uma moeda nacional valorizada, os preços dos produtos importados pressionam menos a inflação. Por outro lado, os produtos produzidos no Brasil perdem competitividade no mercado internacional.

A inflação é considerada alta ou muito alta por 77% dos curitibanos. É o que diz pesquisa feita pela iBrain Inteligência e Estratégia de Mercado, que ouviu 416 pessoas ao longo do mês de junho em Curitiba. Ao longo dos primeiros sete meses de 2014, o IPCA acumulado em 12 meses cresceu a uma média de 6,15%, variando entre 5,58% em janeiro e 6,52%, em junho.

INFOGRÁFICO: Veja os números da inflação

De acordo com os entrevistados, a alta mais impactante foi nos preços dos alimentos, com 33% das respostas – nos últimos 12 meses, os preços dos produtos ligados a alimentação e bebida tiveram um crescimento de 7,7%. Combustível e remédios foram os outros itens que tiveram as altas mais impactantes para os entrevistados.

A expectativa para o futuro também não é animadora. Para 46% das pessoas ouvidas, os preços vão subir em ritmo ainda maior nos próximos três meses. Outros 44% acreditam que ela vai se manter pelo menos no mesmo patamar e apenas 3% confiam em uma melhora de cenário e uma aproximação ao centro da meta (4,5%). "É uma percepção natural e que se alinha com o mercado. A inflação está alta e não dá sinais de enfraquecimento. Os modelos já estão desgastados", avalia o professor de macroeconomia da Universidade Federal Fluminense, Sérgio Valle.

Segundo o boletim Focus, do Banco Central, a expectativa do mercado para o IPCA nos próximos 12 meses é de 6,21%, expectativa mais pessimista dos últimos 5 meses.

Subsídio

Mesmo com o índice em alta e próximo do teto da meta (6,5%), 47% dos entrevistados acreditam que o governo federal está controlando bem ou conta com algum controle da inflação. O aperto dos preços administrados também é o principal caminho apontado pelos entrevistados para que a alta nos preços seja amenizada, com 29% das respostas.

Este já é o modelo adotado atualmente para que a inflação se mantenha abaixo do teto da meta. Por exemplo, parte da tarifa do transporte público é subsidiada pelos governos municipais e estaduais. O reajuste da tarifa da energia elétrica também conta com defasagem para que a inflação geral seja menos pressionada. "É uma forma de controle que funciona até certo ponto. Sem contar os preços administrados, a inflação anual estaria acima dos 7%", explica o especialista em finanças públicas e política econômica Mansueto Almeida.

Pessimismo

Reajustes represados de preços controlados criam instabilidade econômica

Na tentativa de segurar a inflação abaixo dos 6,5% ao adiar reajustes de preços controlados, o governo federal acaba gerando uma expectativa mais pessimista de inflação futura no mercado. Com uma série de aumentos represados nas tarifas de energia e nos preços dos combustíveis, economistas acreditam que dificilmente o IPCA acumulado em 12 meses voltará ao centro da meta, de 4,5%, em um futuro próximo.

"Não existe congelamento de quatro anos. Ou alguns setores quebram ou o reajuste tem que ser feito", explica o especialista em finanças públicas e política econômica Mansueto Almeida. Para o economista da Rosenberg Consultores Leonardo França, esta conta deve ser cobrada em 2015, mas mesmo assim deve ser ineficiente. "Vira uma bola de neve, pois o governo não pode realinhar os preços de acordo com os custos, pois acaba estourando a meta. Por outro lado, enquanto existe represamento, a expectativa futura de inflação se mantém alta", afirma. Estes preços administrados representam pelo menos um quarto da conta do IPCA e seus reajustes estão abaixo da inflação desde 2009, quando houve uma crise econômica global.

Para Almeida, a solução mais saudável seria promover um realinhamento dos preços controlados e administrados e, em contrapartida, trabalhar no corte dos custos. "É simples, pois custos fazem parte da composição de preço. Com este corte, além de segurar a inflação, você promove a competitividade e incentiva o investimento", explica.

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