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A valorização do dólar nos 20 meses em que o Banco Central utilizou os leilões de contratos de swap cambial para tentar suavizar a volatilidade do dólar causou um prejuízo de R$ 64,5 bilhões ao Banco Central, segundo cálculo do economista Antonio Madeira, da Consultoria LCA. Nesse período, a moeda americana se valorizou 34,2% frente ao real.

“O Banco Central foi na direção correta ao encerrar o programa. Este é um ano de ajuste de preços na economia e havia distorção no câmbio com essa intervenção agressiva do BC, que comprometia as contas externas. Com o fim dos leilões, o mercado vai definir a melhor taxa de câmbio”, afirma o economista.

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Madeira afirma que o fim dos leilões não influencia o resultado primário do governo, mas acaba contribuindo para o ajuste fiscal já que diminui o déficit nominal, que inclui a correção de dívidas e juros pagos pelo BC.

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“O BC se endividou em dólar no mercado e acabou tendo um gasto maior com a variação da moeda americana, aumentando o déficit nominal”, diz Antonio Madeira.

Mais depreciação

O professor de Economia e Finanças do Ibmec/RJ, Ricardo Macedo, acredita que sem as intervenções do governo, haverá depreciação no câmbio provocando um ajuste das exportações líquidas e no valor das reservas internacionais. Ao encerrar os leilões, um fator que dava uma certa previsibilidade ao mercado, a volatilidade aumenta.

“Elimina-se a proteção e o os agentes começam a comprar no mercado à vista”, diz Macedo, que acredita que um dólar acima de R$ 3 melhora a competividade dos exportadores, se as economias de outros países se recuperarem.

Para o economista da Consultoria Tendências, num momento em que a moeda americana ganha força em todo o mundo, com a recuperação da economia dos EUA, não seria prudente que o BC brasileiro tentasse reverter essa valorização por aqui com os leilões de swaps. Eles suavizaram a volatilidade da moeda americana, num primeiro momento, mas não têm força para inverter a tendência de alta do dólar que vem do exterior.

“O dólar vai buscar um ponto de equilíbrio, refletindo os fundamentos da economia brasileira, mas também será influenciado pelo cenário externo. Embora um dólar mais forte pressione a inflação, ele também permite um ajuste, via câmbio, do déficit de transações correntes do país, que nos últimos 12 meses está em US$ 89,9 bilhões, o equivalente a 4,2% do PIB”, diz Silvio Campos Neto, economista da consultoria Tendências.

Exportações x importações

Um déficit de transações correntes da ordem de 2,5% do PIB seria mais condizente com os fundamentos da economia brasileira, avalia Ignacio Rey, economista da Guide Investimentos. Ele acredita que há mais espaço para uma apreciação ainda maior da moeda americana frente ao real, chegando a uma cotação entre R$ 3,40 e R$ 3,50.

“A moeda americana já andou bastante, mas quando os juros subirem nos EUA ainda haverá espaço para mais uma valorização”, diz.

Um dólar acima de R$ 3, diz o economista, ajuda a melhorar as exportações, principalmente de setores que têm custos em reais e receita em dólar. Também é um inibidor das importações.

Mas o reequilíbrio das contas do país passa também pelo ajuste fiscal que o governo vem fazendo, com o objetivo de economizar 1,2% do PIB (o equivalente a US$ 66 bilhões).

“Nossa expectativa é que o ajuste fiscal vá adiante e que a cotação da moeda americana fique em R$ 3,06 este ano”, diz o economista da Tendências.

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