Operador tenta suicídio durante o pregão

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A tradicional gritaria do pregão da Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F) foi interrompida ontem à tarde pelo estampido de um tiro. Em seguida, veio o silêncio. Por volta das 15h30, o operador da Corretora Itaú Paulo Sérgio Silva, de 36 anos, se afastara da roda de negociação, sacara uma arma de dentro do paletó e atirara contra o próprio peito. Houve corre-corre no pregão e interrupção por alguns minutos das operações, por conta da confusão.

Para tentar acalmar os ânimos, o presidente da bolsa, Edemir Pinto, foi até o pregão depois do incidente explicar o que acontecera. A BM&F confirma o pronunciamento, mas não detalha seu conteúdo.

O operador foi socorrido pela equipe do ambulatório da Bolsa e levado para a Santa Casa de Misericórdia, onde foi operado. Até o fechamento desta edição, ele permanecia em estado grave.

Apesar do incidente, o pregão da BM&F funcionou até o fechamento, às 18 horas. De acordo com a direção da bolsa, existem detectores de metal nos acessos ao pregão e é a polícia quem irá dizer como o operador conseguiu entrar armado. Operadores de bolsa disseram, entretanto, que mesmo quando os detectores apitam, a revista não é feita, já que todos os operadores, auxiliares e funcionários são conhecidos da segurança.

Silva é casado e tem quatro filhos, um deles pequeno. A família vive em Taboão da Serra, na Grande São Paulo. Ele trabalha na BM&F Bovespa há mais de 15 anos e, atualmente, é funcionário da corretora Itaú, que não se manifestou sobre o incidente. Segundo Márcio André Miuza, presidente do Sindicato dos Trabalhadores do Mercado Financeiro de São Paulo, Silva tinha voltado ontem ao trabalho, depois de uma licença médica por estresse, síndrome do pânico e depressão.

Operador da BM&F há 23 anos, Waldir Stadu, de 40 anos, conhecia o colega ferido há 15 anos. Waldir conta que o amigo havia acabado de retornar de um afastamento de cerca de 15 dias. Ele estaria enfrentando problemas psiquiátricos em decorrência do estresse no trabalho.