• Carregando...
Oriovisto Guimarães | Felipe Rosa/Gazeta do Povo
Oriovisto Guimarães| Foto: Felipe Rosa/Gazeta do Povo
  • Hélio Rotenberg

Professor, processos de su­­cessão costumam ser conhecidos por re­­sis­­tências da empresa e também dos fundadores que deixam seus cargos. No caso do Positivo, o senhor tem falado em uma tranquilidade grande em deixar o cargo. A que isso se deve?

Oriovisto Guimarães – Olha, você me fez uma pergunta pessoal, também vou responder de forma pessoal. Acredito que não podemos confudir o que somos com os papeis que assumimos. Por isso, não vejo o fim da minha função como sendo o meu fim. Para ser sincero, estava com saudade de mim mesmo, depois de tanto tempo respondendo pela empresa. Fora isso, a gente vem se preparando para isso há muito tempo e pudemos tratar tudo com a naturalidade do tempo, preparando todo este cenário.

E a preparação do Hélio, como foi? Afinal, não era o caso de um aprendizado comum sobre gestão, mas se tratava do formato de um cargo específico.

Hélio Rotenberg – Eu vejo como um tempo de preparação minha e também do grupo para a minha entrada. Claro que não fui aprender a ser um gestor, pois isso já faço na Positivo In­­formática, mas foi um período em que passei a olhar todo o grupo e conhecer a realidade das outras empresas. E fizemos isso visando a todas as etapas da sucessão.

Oriovisto – E isso não envolveu apenas a troca na presidência, mas em diversos cargos da gestão do grupo. A começar pela minha saída da reitoria da Universidade Positivo, que foi assumida pelo professor José Pio Martins.

E essa "tranquilidade" também era compartilhada pelo restante do grupo? Como foi a receptividade com um novo presidente depois de 40 anos?

Rotenberg – As pessoas sabiam que isso ia acontecer e não houve um ponto de mudança. Foi uma continuidade, a vinda de mais uma etapa. Além disso, o cargo que assumo é muito mais estratégico que executivo, e que tenta manter a sinergia do grupo – lembrando que cada uma das unidades mantém seu executivo líder.

Oriovisto – Qualquer mudança mexe com as pessoas. Mas a iniciativa de sair do cargo foi minha e veio até antes de 2009. É claro que havia gente mais apegada à minha gestão e outros que estranhavam e imaginavam "como será agora, com um novo presidente?" ou "será que vai ser muito diferente do anterior?". Até talvez tenham pensado em sua gestão na Positivo Informática. Até por isso foi bom termos esperado todo este tempo para consolidar o processo.

E dentro da Positivo Infor­mática? Qual foi a reação interna ou até mesmo do mercado?

Rotenberg – No comunicado interno que enviei, afirmei que minha atuação na Positivo Informática continua "diuturna". É claro que algumas adaptações foram necessárias. Nestes dois anos e meio acabamos ampliando a estrutura de vice-presidentes no sentido de uma dependência menor da empresa ao meu tempo "presencial". Quanto ao mercado, nada foi questionado. No dia seguinte ao qual a Gazeta do Povo noticiou a troca, houve uma conferência sobre os nossos resultados de 2011, e nenhum dos analistas fez perguntas sobre a sucessão. Alguns me deram parabéns e comentaram o fato, mas nenhum questionamento.

Quanto às suas novas atividades, o que já chamou sua atenção dentro dos demais negócios do grupo?

Rotenberg – Nós discutimos exaustivamente a convergência das empresas. Até mesmo pelo plano estratégico de cada uma e pelas suas atividades. Não podemos esquecer que todos os negócios são derivados da educação e isso gera diversos pontos comuns entre eles. Isso inclui a posição da universidade hoje e a abertura de novos cursos, a atenção quanto à capacidade atual da gráfica e também a posição dos sistemas de ensino em relação a diretrizes do governo. Os negócios estão numa dinâmica incrível e tudo vem sendo considerado e conversado.

Oriovisto – Até por toda esta convergência das empresas, optamos por nomear alguém que já fazia parte do grupo. Houve a possibilidade de chamar alguém de fora, mas até o executivo entender o formato do grupo, sua complexidade, iria demorar um longo tempo.

Isso lembra novamente a possibilidade de abertura de capital do grupo. Na entrevista feita na sequência ao anúncio, a possibilidade ficou em aberto. O que poderia fazer a holding cogitar esta operação?

Rotenberg – Como falamos, o IPO do grupo não é descartado nem definido. Ocorre que não temos a necessidade de fazer isto neste momento. No caso da Positivo Informática, precisávamos de um bom capital de giro a ser utilizado em curto prazo, devido ao crescimento da empresa. Pensando no grupo, hoje podemos investir em novos projetos apenas com capital próprio.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]