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Uma coisa é certa: os EUA não estão diante de uma crise fiscal, mas de uma crise de desemprego.

É fácil confundir já que todo mundo fala do "abismo fiscal". Uma pesquisa recente sugere que uma grande parte do público acredita que o déficit orçamentário subirá se cairmos nesse abismo.

O perigo, na verdade, é o oposto, pois o déficit pode cair rapidamente. Podemos estar prestes a cortar gastos e aumentar os impostos, não por exigência do mercado, mas porque os republicanos estão barganhando e o presidente Obama parece estar pronto para revelar o blefe.

Além disso, apesar de anos de avisos partindo dos mesmos suspeitos de sempre sobre os perigos do déficit e da dívida, o governo é capaz de fazer empréstimos a taxas de juros baixíssimas. E não me diga que o mercado pode subitamente se virar contra nós. O governo dos EUA é incapaz de ficar sem dinheiro (ele próprio o imprime). O pior que poderia acontecer seria uma queda no dólar, que não seria nada terrível e poderia, na verdade, acabar ajudando a economia.

No entanto, há uma indústria construída ao redor do pânico deficitário. Grupos corporativos com fundos abastadíssimos continuam alardeando o perigo do déficit do governo e a urgência em reduzir o déficit imediatamente – exceto que, de repente, esses mesmos grupos estão agora dando avisos sobre os riscos da redução excessiva. Não é por acaso que o público está confuso.

Enquanto isso, não há quase nenhuma pressão organizada para lidar com o desemprego em massa. Sim, tivemos progresso no último ano. Mas o desemprego, em longo prazo, permanece a níveis jamais vistos desde a Grande Depressão. Estamos tratando de milhões de indivíduos com famílias, cujas vidas estão se desmoronando por não conseguirem emprego. Quanto mais tempo isso se arrastar, maior será a tragédia.

Há bons motivos para se acreditar que o desemprego alto esteja minando o crescimento futuro. Com o tempo, os desempregados passam a ser considerados impossíveis de serem empregados. Então, o que pode ser feito? Nossa economia ainda em depressão precisa de mais estímulos fiscais.

O presidente Obama incluiu uma quantidade modesta de estímulos em sua oferta orçamentária inicial. A Casa Branca, pelo menos, não esqueceu completamente dos desempregados. Então, por que não estamos os ajudando a encontrar trabalho? Não é por falta de dinheiro, mas por uma questão de classe.

As pessoas influentes em Washington não estão preocupadas em perder seus empregos. O problema dos desempregados simplesmente não chega nem perto de suas preocupações – e, é claro, os desempregados não contratam lobistas nem dão grandes contribuições de campanha. Assim continua a crise do desemprego, por mais que tenhamos tanto o conhecimento e quanto os meios necessários para resolvê-la.

Tradução de Adriano Scandolara

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