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Quem usa muito o computador geralmente cuida da saúde fazendo alongamentos ou utilizando equipamentos que previnam as Lesões por Esforço Repetitivo (LER). Mas pouca gente enxerga o que pode estar bem diante dos olhos: uma tela embaçada, não regulada para suas necessidades e olhos irritados. Apesar de poucos reconhecerem problemas visuais pelo uso do micro, o oftalmologista Otávio Siqueira Bisneto recebe queixas diárias em seu consultório. E ele lança um alerta para quem sofre de muita ardência e vermelhidão nos olhos, que podem ser efeitos colaterais da chamada Síndrome da Visão de Computador (SVC), que atinge 70% dos usuários e causa incômodo.

Roberto da Cunha, 48 anos, começou a usar o computador com muita freqüência há seis meses. Desse período, quatro meses ele passou coçando os olhos e sofrendo com a luminosidade e perda de foco da visão. Sabia que o problema não eram as lentes de contato, porque as tinha trocado havia pouco tempo. "Incomodava, mas não achei que fosse tão importante", diz. Como começou a render menos no trabalho como designer gráfico, decidiu procurar um oftalmologista. Com lentes anti-reflexo, que otimizam a visibilidade da tela, tudo melhorou. "Passou."

Para evitar o problema, primeiro é preciso configurar a tela para seus olhos. O brilho, a luminosidade e o contraste precisam ser ajustados para promover a maior resolução possível. Não esqueça de regular a altura do monitor para olhar em frente ou para baixo, nunca para cima. "Olhar para baixo é uma forma de proteger os olhos com a pálpebra", explica Siqueira.

Já as lentes anti-reflexo só devem ser compradas depois da ida ao médico. "A pessoa pode precisar de lentes de grau primeiro. Mas ninguém fica cego por causa da síndrome", tranqüiliza o oftalmologista Siqueira.

Com o diagnóstico correto, uma ótica pode sugerir adequações. Você pensou nos filtros de tela, certo? O problema é que a eficácia delas ainda não foi comprovada, e, apesar de cancelarem os reflexos da tela são escuros demais, interferindo na qualidade da visão. Uma opção são os computadores de tela plana e laptops, que já evitam os reflexos.

"O tratamento anti-reflexo nas lentes evita reflexos indesejáveis e aumenta o contraste visual. Também existe o tratamento "videofilter", que confere a cor azul à lente para proteger contra 100% dos raios ultravioletas e absorver reflexos que interferem na perfeita visibilidade", afirma. Mas ele confessa que os únicos clientes que aceitararam usar lentes azuis até hoje foram pessoas idosas que usam em casa. "O reflexo que nem percebemos incomoda a visão tanto quanto o sol no rosto para dirigir", diz o óptico Eric Gozlan. O preço da lente variar de R$ 30 a R$ 300. "Uma lente de R$ 80 já terá um bom antireflexo", garante.

Lágrimas artificiais

O estudante de direito Ramiro Luiz Zandoná, 28 anos, iniciou um estágio em escritório há pouco mais de um ano, entrando numa rotina de muita leitura e redação com o auxílio do computador. Dentro de pouco tempo, seus olhos começaram a arder e ficar vermelhos, principalmente no fim do dia. Foi ao médico e saiu de lá com lágrimas artificiais, uma espécie de colírio que evita o ressecamento dos olhos. "Uso a versão em gel, que é gelada e embaça os olhos no momento da aplicação, mas tenho a impressão de que o efeito é mais prolongado do que a versão líquida", conta. Ele também reaprendeu a piscar – pois em frente ao computador as pessoas tendem a fazê-lo menos – e passou a fazer pausas de descanso para os olhos. Ele dá uma dica: "Não perca tempo culpando a cor dos olhos ou usando lentes de descanso, que não resolvem o problema".

Outra dica muito simples é limpar a tela do computador. Geralmente esquecidas, elas são um reservatório de pó, que reduz a visibilidade. O ambiente também precisa ser adaptado. A luz sempre acesa, sem janelas em volta, e o usuário com uma postura adequada. Além do remédio.

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