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O solavanco cambial, que levou o dólar a fechar em R$ 2,28 depois de ter chegado à cotação de R$ 2,45, surpreendeu o segmento empresarial, que reagiu de formas distintas, de acordo com a exposição de cada setor ou empresa à moeda norte-americana. Na Petrobras, a maior companhia do país, o diretor financeiro, Almir Barbassa, disse estar atravessando ao largo a oscilação, mas demonstrou preocupação com as especulações.

"É muito difícil avaliar o movimento do câmbio apenas por um dia, movido por especulações. Num primeiro momento, o impacto para a Petrobras poderia ser até positivo, já que a empresa tem mais ativos no exterior do que dívidas em dólar", disse, lembrando que no balanço financeiro do segundo trimestre a estatal sofreu negativamente o impacto da queda do dólar em relação ao real. Sobre o impacto da alta do dólar nos preços dos combustíveis, o diretor lembrou que hoje a Petrobras está exportando o mesmo volume que importa.

A Quattor, petroquímica formada da associação entre Unipar (60%) e Petrobras (40%) tem expressiva dívida em dólar, devido ao investimento de cerca de R$ 6 bilhões assumido durante sua criação, em novembro do ano passado. Mas, a oscilação cambial também não trará impacto real à empresa, afirma o vice-presidente corporativo, Helio Novaes. Ele admite, porém, que é esperado um impacto contábil. "É um cenário pesado, obviamente, mas temos uma dívida constituída para expansão de atividades. Portanto, é uma dívida operacional e de longo prazo. Foi feita para investimentos e, por isso mesmo, bastante distribuída no tempo", afirmou.

O presidente da MRS Logística, Júlio Fontana, acredita que a escalada do dólar não deve trazer impactos negativos para as finanças da empresa. De acordo com ele, a MRS detém dívida bruta de cerca de R$ 1 bilhão, dos quais metade em moeda estrangeira. "Deste montante em dólar, 70% estão protegidos. Isto nos deixa numa situação menos desconfortável", afirma ele.

Fontana acrescenta, ainda, que a empresa também não teme a falta de crédito para os investimentos previstos para 2009, de R$ 1,2 bilhão. "Estamos em fase de assinatura de dois financiamentos no BNDES. O primeiro deles, na modalidade de crédito pré-aprovado, nos permitirá o desembolso de R$ 360 milhões. O outro, de cerca de R$ 300 milhões, será voltado para um pacote de projetos", detalha Fontana. O restante, cerca de R$ 600 milhões, seria proveniente do próprio caixa da empresa. "Já estávamos nos preparando para isso", comenta. "Nossos investimentos acontecem sob aumento de demanda dos clientes, por meio de contratos de longo prazo. Claro que teremos mais parcimônia na liberação os recursos. Usaremos um olho muito mais clínico. Além disso, o custo do dinheiro mudou", afirma Fontana.

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