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O primeiro-ministro da Grécia, Lucas Papademos, partiu para Bruxelas com o apoio dos partidos governistas para novas medidas de austeridade | John Kolesidis/Reuters
O primeiro-ministro da Grécia, Lucas Papademos, partiu para Bruxelas com o apoio dos partidos governistas para novas medidas de austeridade| Foto: John Kolesidis/Reuters

Reflexos

Dívida do Japão começa a preocupar

Agência Estado

Os temores relacionados à crise da dívida europeia começam a tocar o Japão, um país cujo mercado de bônus está calmo há muito tempo, apesar de um déficit fiscal muito maior do que os de países como Grécia e Itália.

Nas últimas semanas, o custo do seguro contra um default do Japão subiu bastante, aproximando-se das máximas históricas atingidas em outubro do ano passado, no auge da crise grega. O preço do seguro contra uma moratória, conhecido como swap de default de crédito (CDS), superou os níveis vistos em março do ano passado, logo depois do terremoto e do tsunami.

Nas próximas semanas, os investidores estarão atentos às agências de rating de crédito. Duas das principais agências, a Standard & Poor’s e a Fitch, colocaram a dívida do Japão em observação para possível rebaixamento, e suas decisões poderão sair em fevereiro. Um fator crucial para a avaliação será se o primeiro-ministro Yoshihiko Noda será capaz de convencer o parlamento a elevar o imposto sobre consumo até março; ele tem enfrentado críticas não só dos partidos de oposição como dentro de sua própria agremiação.

Alemanha volta a pressionar a Grécia

Agência Estado

O ministro das Finanças da Alemanha, Wolfgang Schäuble, disse em entrevista ao Wall Street Journal que a União Europeia poderá se recusar a aprovar um novo pacote de ajuda financeira à Grécia, obrigando o país a entrar em moratória, a não ser que o governo grego convença a Europa de que tem como reformar o Esta­­­do e a economia. "A Grécia é que precisa decidir", disse Schäuble quando indagado sobre se a União Europeia vai ou não aprovar o segundo pacote de ajuda financeira para a Grécia, avaliado em € 130 bilhões (US$ 172 bilhões).

Segundo o ministro alemão, a Europa está "preparada para apoiar a Grécia" com um novo programa de crédito, mas ressalvou que "a não ser que a Grécia implemente decisões necessárias, e não apenas anuncie, não há dinheiro que possa resolver esse problema".

"Talvez nós e nossos parceiros tenhamos de procurar maneiras de ajudar a Grécia nessa tarefa difícil, de uma maneira ainda mais próxima", acrescentou Schäuble, referindo-se aos informes de que a Alemanha quer obrigar a Grécia a aceitar um monitor permanente da União Europeia para acompanhar sua política fiscal, com poder de veto sobre decisões de gastos do go­­­verno.

Em comunicado divulgado neste domingo, o ministro das Finanças da Grécia, Evangelos Venizelos, reagiu à proposta alemã dizendo que "países maiores" não deveriam forçar a Grécia a "um dilema entre ajuda econômica e dignidade nacional".

Os persistentes déficits fiscais da Grécia significam que o país está tendo dificuldades para recuperar solvência, apesar da expectativa de um acordo de reestruturação de dívida com credores privados que reduziria seu débito com esses credores em cerca de € 100 bilhões. Para muitos economistas, mesmo que esse acordo saia, os credores oficiais da Grécia, entre eles o FMI, o Banco Central Euro­­­peu e os governos dos outros países da União Europeia, acabarão tendo de perdoar parte da dívida grega.

Schäuble não descartou essa possibilidade. "Vamos ver como o pacote todo vai ficar", afirmou, ressalvando que o BCE é independente e tomará sua própria decisão a respeito.

A alternativa – uma moratória grega no fim de março – poderia provocar uma nova onda de pânico no mercado de bônus governamentais europeus, com a ameaça de que outros países da zona do euro, como Grécia e Espanha, vejam as portas dos mercados de crédito se fecharem.

O medo desse contágio é a principal razão para a Alemanha e outros países verem um segundo pacote de ajuda à Grécia como um "mal menor". Mas o governo alemão está cada vez mais exasperado com o que vê como relutância das lideranças políticas gregas em implementar novas medidas de austeridade.

"Na zona do euro, só vamos reconquistar a confiança que perdemos por meio de políticas estáveis", acrescentou. Ele também disse que a atual estagnação da economia alemã é "apenas temporária". "Uma recessão parece muito diferente do que está acontecendo agora na Alemanha."

Austeridade

Sarkozy eleva tributos na França

Folhapress

O presidente da França, Nicolas Sarkozy, anunciou o aumento de 1,6 ponto do TVA (imposto geral sobre bens de consumo) para compensar uma flexibilização dos encargos sociais sobre as empresas.

A decisão deve entrar em vigor no dia 1.º de outubro, para incentivar a antecipação de compras, de modo a contribuir para o crescimento do país. A taxa normal do TVA, que hoje é de 19,6%, passará a 21,2%.

Um aumento de um ponto no imposto dará ao Estado francês um adicional de 7 bilhões de euros. A iniciativa pretende aliviar os custos da produção, para dar mais competitividade ao mercado.

No segundo semestre de 2011, a França já tinha adotado um plano de austeridade para economizar € 115 bilhões entre 2011 e 2016 e evitar o rebaixamento da classificação de risco dos títulos de dívida soberana do país pelas agências de rating.

"Otimismo cauteloso" foram as palavras de ordem dos banqueiros que participaram da reunião anual do Fórum Eco­­­nômico Mundial, encerrada neste domingo em Davos (Suí­­­ça). Embora tenham persistido as conversas sobre o risco de fragmentação da zona do euro, poucos esperam que isso venha a acontecer, pelo menos no curto prazo.

Para os banqueiros, muita gente ainda está subestimando a oferta do Banco Central Europeu (BCE), de oferecer crédito ilimitado aos bancos por três anos. Segundo um deles, essa política é parte relaxamento quantitativo da política monetária e parte recapitalização dos bancos "pela porta dos fundos", por meio de estímulos ao crescimento dos lucros. O banqueiro acrescentou que ao remover do cenário a perspectiva de uma crise bancária sistêmica, o BCE comprou tempo para a zona do euro.

O otimismo ganhará impulso se a Grécia fizer um acordo nos próximos dias com seus credores privados. A perspectiva de um acordo melhorou depois de se admitir que os provedores oficiais de crédito para a Grécia – a União Europeia, o BCE e o FMI – também sofrerão perdas se um acordo com os credores privados não for suficiente para colocar a dívida grega numa base sustentável.

Qualquer perda para os credores oficiais da Grécia deverá assumir a forma de reduções nas taxas de juros, e não de um perdão da dívida, disse o comissário de Assuntos Econômicos da União Europeia, Olli Rehn. Isso torna menos provável que a Grécia seja forçada a um default (calote) que inclua perdas substanciais para a exposição do BCE à dívida grega, estimada em 45 bilhões de euros, já que isso precipitaria a saída do país da zona do euro.

Chances

A cautela dos banqueiros reflete a preocupação de que os governos dos países da zona do euro não usem da melhor maneira o tempo que estão ganhando. Os desafios são bem entendidos; a controvérsia em andamento sobre uma possível perda de soberania da Grécia (com a instalação permanente de um monitor da UE no país, com poder de veto sobre decisões de gastos, como defende a Alemanha) é um lembrete de que o risco de um acidente político segue elevado.

Há consenso de que tanto a Itália como a Espanha precisam avançar com reformas que impulsionem o crescimento e melhorem a produtividade. Ao mesmo tempo, a austeridade fiscal e a desalavancagem deverão continuar a prejudicar o crescimento. A zona do euro precisa aumentar o tamanho de seus fundos de assistência financeira, de modo a criar uma "firewall" que evite contágios no caso de algum outro país ficar sem acesso aos mercados financeiros. Além disso, Portugal ainda poderá precisar de mais ajuda e muitos acreditam que somente um compromisso claro de transferências diretas de recursos entre governos e de emissões de bônus da zona do euro como um todo poderão convencer os mercados de que a moeda única vai sobreviver.

Enquanto essas dúvidas permanecerem, os bancos continuarão a se preparar para o pior. Muitos usarão o crédito barato do BCE para comprar bônus domésticos, mas a maioria continuará a reduzir sua exposição à dívida de outros países. Os bancos também deverão continuar priorizando a concessão de crédito em seus próprios países, ao mesmo tempo em que reduzem sua alavancagem. As autoridades reguladores de­­­vem encorajar esse processo, ao tentar blindar seus respectivos sistemas financeiros.

Papademos quer nova ajuda

Agência Estado

Antes de partir para Bruxelas, onde participa hoje do encontro da cúpula da União Europeia, o primeiro-ministro da Grécia, Lucas Papademos, se reuniu com os três partidos que formam a coalizão de governo da país, na qual as lideranças políticas se comprometeram a apoiar uma nova série de medidas de austeridade, para que o país possa receber um novo pacote de ajuda financeira. Em breve declaração após a reunião à agência France Press, ele disse que Atenas "enfrentará o fantasma da quebra" se as negociações fracassarem.

Na cúpula de Bruxelas, os chefes de governo dos países da UE poderão aprovar os termos de um segundo pacote de ajuda à Grécia, mas as negociações para isso foram complicadas na semana passada por uma nova exigência da Alemanha, de que as decisões do governo grego sobre gastos passem a ser submetidas a um "monitor" permanente da UE no país.

Outra questão é a negociação para a reestruturação da dívida da Grécia junto a credores privados. As duas partes repetiram no sábado que estão próximas de um acordo, mas nada de definitivo foi anunciado. "Estamos realmente a um passo de um acordo final", disse no domingo o ministro das Finanças, Evan­­­gelos Venizelos.

Uma fonte próxima às conversações disse à Dow Jones que um acordo com os credores privados só será anunciado depois de a Grécia e os credores multilaterais (União Europeia, FMI e Banco Central Europeu) concordarem com novas medidas de austeridade.

Sem um novo pacote de ajuda financeira, a Grécia não deverá ser capaz de fazer um pagamento de bônus de 14,4 bilhões de euros que vence em 20 de março; caso isso aconteça, o país se tornará o primeiro da zona do euro a entrar em default.

O pacote em jogo envolve 130 bilhões de euros em empréstimos pela Eurozona e um perdão de 100 bilhões de euros dos 206 bilhões de euros da dívida nas mãos de credores privados. Atualmente, o país tem uma dívida total que supera os 350 bilhões (160% de seu PIB).

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