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Nos últimos dois meses, a confiança dos industriais atingiu o nível mais elevado dos últimos oito anos e meio. Segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI), o empresário percebe uma melhoria mais intensa das condições da economia e de sua empresa.  “Os índices de expectativa de número de empregados, de expectativa de demanda e de compras de matérias-primas continuam em trajetória de alta”, diz o economista Marcelo Azevedo, da entidade empresarial. 

A pesquisa de sondagem industrial, divulgada na sexta, mostra que a intenção de investimento aumentou pelo quinto mês seguido em janeiro. É o maior índice em quase cinco anos.

 Outra pesquisa, feita pela empresa de consultoria PwC, mostra que o otimismo também toma conta dos executivos brasileiros: 43% deles projetam crescimento de suas empresas nos próximos meses. 

 Mas, apesar do otimismo, o desempenho está deixando a desejar. No ano passado, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a produção industrial aumentou 1,1% e foi travada pela crise na Argentina, o elevado desemprego e o alto custo de crédito. 

 Para 2019, as expectativas são animadoras, mas já foram melhores. No começo do ano, instituições financeiras ouvidas pelo Banco Central projetavam um crescimento de 3,3% na produção industrial. Agora, essa expectativa caiu para 2,9%. 

Os motivos do descompasso

 Um dos fatores que ajuda a explicar o descompasso entre as expectativas das empresas e os resultados fracos, principalmente na indústria, é a questão do crédito que está sendo liberado com muita cautela. “A incerteza ainda persiste. Apesar de os bancos apresentarem balanços robustos, eles estão muito cautelosos na concessão de crédito”, explica Carlos Peres, sócio da PwC Brasil. 

 Em 2018, o saldo da carteira de crédito das pessoas físicas teve uma ligeira alta de 1,8% em relação ao ano anterior. No mesmo período, a Fundação Getúlio Vargas (FGV), estima que a economia brasileira tenha se expandido 1,1%. 

 “Os CEOs brasileiros estão esperando o andamento das reformas para fazer com que o investimento saia do compasso de espera”, afirma Peres. Entre as mais necessárias, segundo o sócio da PwC estão a previdenciária, a fiscal e a revisão dos marcos regulatórios da infraestrutura, o que contribuiria para facilitar investimentos nesta área. 

 O economista-chefe do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), Rafael Cagnin, faz uma análise parecida: “Os industriais estão apostando no futuro.” 

 Segundo ele, os empresários apostam na mudança das diretrizes da política econômica, implementada pelo ministro Paulo Guedes, e nas reformas, como a previdenciária. “A reforma previdenciária será o teste de ferro para o atual governo. Sem uma reforma substancial haverá uma reversão nas expectativas”, diz. 

Cronograma das reformas

A consultoria política Eurasia Group avalia que a reforma previdenciária provavelmente será aprovada pela Câmara no primeiro semestre e, no segundo, pelo Senado. No momento, de acordo com a consultoria, “o governo trabalha para construir uma base na Câmara entre 320 e 340 parlamentares – número seguro para votar o texto-base, e, ao mesmo tempo, rejeitar os destaques apresentados pela oposição no plenário.” 

 Outra medida mais desejada pelos empresários, a reforma tributária, é mais complicada de ser resolvida de acordo com a consultoria. As mais factíveis e que dependem do envio da proposta por parte do governo ao Legislativo são a simplificação do PIS/Cofins e a proposta de redução do Inposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) e a simplificação das alíquotas do Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF). A Eurasia estima que há probabilidade de aprovação só no ano que vem.

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