Expectativa
Infraestrutura e seguros puxarão negócios da J.Malucelli
Com a meta de manter a média de crescimento de 15% ao ano, o grupo J.Malucelli, que atua nas áreas de energia, concessões, seguros e bancário, dentre outras, pretende diversificar a atuação em 2013. O grupo, que deve faturar R$ 2 bilhões em 2012, deve começar a operar na área de seguro-garantia de grandes obras na América Latina. "Estamos estudando esse mercado há muito tempo. Ainda não definimos se será por meio de aquisições ou com a operação própria, mas a ideia é começar a oferecer seguros para outros países da região", diz Alexandre Malucelli, vice-presidente do grupo. A J.Malucelli Seguradora é controlada pelo Paraná Banco e a seguradora americana Travelers Companies.
Para ele, 2013 deve ser melhor que 2012, mas ainda aquém do que poderia ser. Segundo ele, as mudanças nas regras do governo como ocorreu com o setor elétrico não favorecem o ambiente de negócios. "Nós temos uma visão de longo prazo, mas esse é um fator que é considerado pelos investidores". O setor de infraestrutura deve puxar o crescimento. A J.Malucelli planeja participar dos novos leilões de rodovias e aeroportos. A área de energia também está no foco do grupo, que tem atualmente R$ 1 bilhão em investimentos em nove projetos.
Garimpo de talentos para driblar falta de mão de obra
A falta de mão de obra qualificada ocupa hoje o topo da lista de reclamações dos empresários, desbancando, inclusive, o câmbio, campeão dos anos anteriores. O problema tem exigido organização por parte das empresas, que têm investido em banco de talentos e treinamento. Com uma média de 30 novas lojas por ano, a rede de farmácias Nissei criou um sistema de seleção contínuo para formar mão de obra para fazer frente aos planos de expansão. "Temos seleção duas vezes por semana, às segundas e quartas-feiras", diz Patricia Maeoka, diretora da rede. Segundo ela, o turn over acaba sendo muito alto porque os empregados resistem a ter de trabalhar nos fins de semana ou em lojas que funcionam 24 horas. De acordo com ela, a Nissei gasta em média R$ 1 milhão por ano em treinamento. Em 2012, foram treinadas 480 pessoas. A cada seis meses é aberto um novo curso de treinamento para 240 pessoas.
A preocupação é fazer frente ao agressivo plano de expansão que a empresa vem implantando e manter a atual taxa de crescimento de 20%. Com projeção de faturar R$ 1 bilhão, a empresa desembarcou neste ano no interior de São Paulo e deve abrir 30 novas lojas e contratar mais 500 pessoas no próximo ano em todo o país.
240 pessoas são incluídas em um novo treinamento da rede de farmácias Nissei, a cada seis meses.
Depois de um ano de crescimento baixo, as empresas estão retomando o otimismo para 2013. Segundo levantamento da Paraná Pesquisas realizado com exclusividade para a Gazeta do Povo, 73% das empresas do estado preveem que haverá crescimento no próximo ano, contra 68% no ano passado. O índice ainda está inferior a 2009 e 2010, mas indica uma mudança de ânimo do empresariado. A percepção geral é que o peso da crise internacional será menor, as exportações vão reagir e as empresas estão prontas para voltar a pisar no acelerador na área de investimentos.
INFOGRÁFICO: Confira como o empresariado se sente em relação a 2013 e a economia
Entre as empresas, 46% disseram que vão investir mais, o maior índice desde 2010, porcentual semelhante aos que afirmam que vão contratar mais empregados em 2013. Na pesquisa anterior, 36% das empresas disseram que iam aumentar seus quadros. Quase um terço das empresas ouvidas na sondagem desse ano vai abrir entre 50 e 100 novas vagas, o maior número desde 2010 (14,29%). Quase 80% preveem aumento de faturamento.
Segundo Marcos Quintanilha, sócio-líder da consultoria Ernst &Young para o Paraná e Santa Catarina, a percepção do empresariado é que os investimentos tendem a deslanchar a partir do próximo ano, puxados pelas obras de infraestrutura. "Os projetos terão de ser colocados em prática para a Copa e as Olimpíadas. E eles têm um efeito multiplicador na economia ", diz.
O aumento da cotação do dólar também melhorou o cenário para os exportadores. Cerca de 44% afirmam que vão aumentar as vendas externas em 2013, contra 42,86% na edição anterior da pesquisa. O destaque é que houve uma redução significativa entre aqueles que dizem que as exportações vão encolher de 14,29% na pesquisa do ano passado, para 4% nesse ano.
Após um ano marcado por baixo crescimento, inadimplência em alta, restrições de crédito e baixa produção industrial, as empresas esperam que uma retomada do crescimento da economia em 2013 as projeções iniciais projetam um avanço de 4%. "Não há euforia, mas alguns fatores devem beneficiar a indústria em 2013. Além do bom desempenho da agricultura, que tem forte influência sobre outros setores, o dólar mais alto e as desonerações que o governo promoveu devem surtir efeito positivo", diz o presidente da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), Edson Campagnolo.
Dólar deixa de ser grande preocupação
A recente estabilidade na cotação do dólar, na casa dos R$ 2, agradou o empresariado. A sondagem da Paraná Pesquisas mostra que apenas 2,7% dos entrevistados consideram a taxa de câmbio como o problema mais crítico contra 22,37% em 2011.
E o câmbio mais favorável também começa a influenciar as exportações. A fabricante de papel-cartão Ibema, com fábrica em Turvo, na região central do Paraná, elevou a participação das vendas externas na produção de 25%, em 2011, para 30% em 2012, com destino à Europa e à América do Sul. "O aumento da cotação do dólar elevou os nossas margens e nos permitiu ampliar negócios. Ao mesmo tempo ajudou a amenizar o mercado interno mais fraco", diz Clecio Chiamulera, diretor financeiro e administrativo da companhia. A empresa abre um centro de distribuição na Espanha em 2013. Chiamulera, no entanto, é mais conservador nas previsões para 2013. "Não vejo uma mudança tão expressiva. Vamos crescer porque lançamos novos produtos e investimos R$ 25 milhões entre 2010 e 2012 e não porque o setor como um todo vai avançar". A Ibema prevê faturar R$ 300 milhões em 2013, 20% mais que neste ano.
Crise reduz influência sobre cenário de 2013
O otimismo é reforçado porque 62% dos entrevistados dizem não terem sentido diretamente os efeitos da crise nos seus negócios em 2012, embora a maioria acredite que o cenário na Europa não será revertido no curto prazo. Para 2013, apenas 36% esperam que a crise internacional provoque algum estrago nos seus negócios no ano passado, quando perguntados sobre os efeitos dos problemas na Europa e nos Estados Unidos 59% previam que em 2012 a crise "chegaria" ao país.
Para Lucas Dezordi, coordenador de Economia da Universidade Positivo, uma boa notícia é a intenção do governo dos Estados Unidos de fazer um ajuste fiscal gradual e, portanto, com impacto mais suave sobre o comércio internacional. No mercado interno, o governo, com o resultado fraco de 2012, também deve renovar os estímulos fiscais concedidos aos setores de linha branca e automóveis pelo menos no primeiro trimestre. "O crédito para pessoa física também deve continuar a crescer, com avanço entre 9% e 10%. O crédito como um todo deve avançar 20%", diz.
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