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As medidas de incentivo à economia - que incluíram a desoneração de consumo, crédito e investimentos anunciadas anteontem pelo governo - foram desenhadas para garantir que o crescimento de 2012 fique em, pelo menos, 4,5%. Segundo técnicos do governo, a expansão do Produto Interno Bruto (PIB) no ano que vem já estaria assegurado em 4% graças à queda das taxas de juros, do reajuste de 14% no salário mínimo, do aumento dos limites do Supersimples e do programa Brasil Maior de apoio à indústria. Juntos, representam injeção de mais de R$ 40 bilhões na economia em 2012.

Mas a presidente Dilma Rousseff não quer ouvir falar em um patamar inferior a 5% para 2012. Para ela, essa é a fórmula que vai blindar o Brasil contra a crise global. Por isso, os técnicos continuam trabalhando em novos estímulos. A equipe econômica quer que o investimento público volte a crescer e para isso vai manter a meta de superávit primário neutra (ou seja, sem economia adicional para pagamento de juros), em 3% do PIB. Em 2011, além de fazer um corte de R$ 50 bilhões no Orçamento, a equipe aumentou a meta fiscal em R$ 10 bilhões para conter gastos e não pressionar a inflação.

Pelas projeções da Fundação Getulio Vargas (FGV), o investimento público e privado vai se recuperar. A reação, no entanto, está distante do crescimento de 21,8% registrado em 2010. De acordo com a FGV, os investimentos devem crescer 6,7% no próximo ano, ante 4,9% em 2011. Com isso, o volume de recursos desembolsados por empresas e governo em novos projetos deve passar de R$ 733,1 bilhões este ano, para R$ 807,8 bilhões em 2012. Já a Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib) e a indústria de calçados esperam alta de 10%.

Se depender de consumidores como a funcionária pública Wilma Moutinho, o consumo maior deve sustentar o investimento e os planos do governo. Wilma correu para uma loja de eletrodomésticos no dia seguinte ao anúncio do corte de impostos. Em busca de uma geladeira, procurava saber se o "desconto" dado pelo governo já estava embutido no preço à vista. Se conseguir economizar na compra, Wilma vai mudar o estofado de seu sofá.

"Quando vi a notícia na televisão me animei. O que você economiza de um lado acaba podendo gastar em outra prestação", disse ela, que pretende gastar até R$ 1 mil.

Mas economistas afirmam que cumprir a missão dada por Dilma não será fácil. Segundo o economista-chefe do banco ABC Brasil, Luís Otávio Leal, incentivos como a redução do IPI para geladeiras, fogões, máquinas de lavar e tanquinhos não terá o mesmo efeito que em 2009. Há dois anos havia forte demanda da nova classe média por bens duráveis e, por isso, as vendas desses artigos subiram 22%:

"Quem comprou geladeira em 2009 não vai sair comprando outra agora só porque o IPI baixou", disse.

O economista manteve sua projeção para o crescimento de 2012 em 3,5%, mas disse que, diante das medidas, pode rever para cima o número. Leal também espera pouco impacto na inflação. Ele estima que o IPCA feche 2012 em 5,2%. O economista do BES Investimento Flávio Serrano também não mudou sua projeção para o crescimento em função do pacote. Ela permanece entre 4% e 4,5%.

"Já havíamos calculado nossa projeção imaginando que o governo iria tomar alguma medida", disse Serrano, que manteve projeção para o IPCA entre 5,4% e 5,5% em 2012.

Fabricantes preveem venda 25% maior

Por causa do pacote, fabricantes de eletrodomésticos estão reforçando o ritmo da produção já este ano e definindo estratégias para atender ao aumento de vendas. A indústria espera alta de 10% a 25% nas vendas frente ao início do ano. A Whirlpool, dona de Consul e Brastemp e líder em vendas, é uma que vai reforçar a produção.

"Tínhamos programado investimentos fortes para 2012, e vamos pisar no acelerador", disse o vice-presidente de Relações Institucionais da Whirlpool, Armando Valle Júnior.

A Electrolux, segunda no ranking, prevê aumento de 25% da demanda por eletrodomésticos nos quatro meses de IPI reduzido. O grupo Mabe (GE, Continental e Dako) também espera vender mais. A preocupação é como acomodar a produção quando os incentivos acabarem após março.

Já Carrefour e o Grupo Pão de Açúcar, que tem as marcas Casas Bahia e Ponto Frio, garantem que o IPI menor está sendo repassado ao consumidor.

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