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Projeções do PIB, Selic, inflação e dólar |
Projeções do PIB, Selic, inflação e dólar| Foto:

Os efeitos da crise internacional levaram o Banco Central (BC) a registrar, pela primeira vez no ano, uma expectativa de crescimento econômico inferior a 3% em 2009 em sua pesquisa semanal com agentes do mercado financeiro, o chamado Boletim Focus. A média do levantamento aponta para um crescimento de 2,8% para o Brasil no ano que vem e faz com que as projeções do mercado se distanciem ainda mais da estimativa do governo, de expansão de 4%.

Em um cenário bem mais pessimista traçado pela Organização das Nações Unidas (ONU), o Brasil poderá ter crescimento econômico quase nulo em 2009. A previsão da ONU, com um eventual agravamento da crise financeira global, é que o PIB brasileiro tenha expansão de apenas 0,5% no ano que vem e que a economia global recue 0,4%. As projeções estão no relatório anual da organização sobre as perspectivas econômicas mundiais, que será divulgado em janeiro. O estudo tem três cenários: o base, o otimista e o pessimista. No cenário base, o crescimento econômico do Brasil em 2009 ficaria em 2,9%, e no otimista, 3%.

Um dos principais motivos para o pessimismo dos analistas consultados pelo BC é a inflação, cuja projeção se deteriorou, tornando improvável um ciclo de redução dos juros básicos em 2009. "O câmbio desvalorizado ainda vai aparecer na inflação", resume o economista sênior da Unibanco Asset Management, José Luciano Costa.

A próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) será nos dias 9 e 10 próximos, mas, por enquanto, a maioria do mercado ainda aposta numa manutenção da Selic, indicou o Focus divulgado ontem. Para 2009, o cenário vem mudando neste campo, com a expectativa dos juros passando de 13,31% para 13,50%.

Com o aperto monetário, reforçando os reflexos negativos da crise, os especialistas diminuem suas esperanças de um crescimento mais significativo do PIB nacional. O presidente do BC, Henrique Meirelles, e sua diretoria já haviam ouvido esta avaliação dos economistas na semana passada. De modo geral, segundo fontes que participaram dos encontros, os especialistas deixaram claro que as contas para 2009 ficavam entre 2% e 3%.

Para o economista-chefe da Sul América Investimentos, Newton Rosa, o PIB brasileiro vai crescer 3%. Ele reconhece que, por conta das expectativas de alta dos preços, o Brasil está na contramão do resto do mundo. E lembra que, por conta da turbulência externa, a maior parte das economias vai crescer menos e registrar declínio da inflação. No Brasil, por conta do dólar mais caro, as pressões inflacionárias são maiores. As previsões de inflação para o próximo ano subiram. A expectativa para o IPCA em 2009, que é tomado como referência pelo BC, passou de 5,20% para 5,25%.

A pesquisa Focus também aponta que a previsão para o dólar no fim do ano subiu de R$ 2,10 para R$ 2,20. Para o final de 2009, passou de R$ 2,10 para R$ 2,15.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, reconheceu que será um "desafio" atingir a taxa de 4% de expansão da economia, previsão oficial para 2009. Para ele, trata-se de uma meta ambiciosa, que "não será fácil de ser cumprida". "Se cruzássemos o braço, esse crescimento seria de 2%, 2,5%. Mas não vamos poupar esforços", afirmou o ministro.

Mantega afirmou que, se preciso, o governo irá ampliar os investimentos e diminuir tributos para garantir os 4% de crescimento do PIB. "E o mais importante é que tivemos um déficit nominal de apenas 0,08%. Ou seja, temos condições de mobilizar recursos para enfrentar a crise." Na avaliação do ministro, o Brasil está mais bem posicionado em relação a outros países emergentes.

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