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Combustível

Ministro admite alta da gasolina

Agência Estado

Até então um árduo defensor de que os preços da gasolina ficariam estáveis no Brasil, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, alterou seu discurso ontem, em audiênca no Senado. Ele afirmou que embora a colheita da cana-de-açúcar e a consequente melhora na oferta de etanol tendam a dar um alívio no preço da gasolina a partir deste mês, a Petrobras poderá aumentar o preço do combustível para adequar sua produção ao alto custo do barril de petróleo no mercado internacional.

"Se permanecer essa situação do barril elevado no exterior, pode ser que em algum momento a Petrobras tenha que elevar o preço da gasolina", disse ele. Segundo Mantega, se o reajuste ocorrer agora, o governo poderá diminuir a alíquota da Cide, imposto que regula o mercado de combustíveis. "Aí nós podemos reduzir a Cide, de modo a não criar aumento no preço de gasolina, mas isso é um problema para o futuro", acrescentou.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou ontem, em audiência na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, que o governo tem a intenção de debater novas desonerações com os parlamentares. Mantega admitiu que a carga tributária brasileira é elevada e citou a necessidade de desonerar principalmente as exportações.O ministro citou um novo sistema que será implementado pela Receita Federal até o fim do ano, para a apuração em tempo real do PIS e da Cofins. "A devolução de créditos para os exportadores não é fácil pela contabilidade, pois é difícil a verificação da real existência desses créditos. Com o novo sistema, saberemos exatamente o crédito a devolver", acrescentou

Em relação à desoneração da folha de pagamentos, Mantega alegou que não tem uma posição definida. "Sabemos que é preciso desonerar contribuição patronal da folha, mas uma discussão será feita com o Congresso", completou.

Juros

Mantega admitiu ainda que a despesa de juros brasileira é alta, ainda que as taxas reais (descontada a inflação) no país tenham caído gradualmente nos últimos anos. "Também sinto e também dói no meu bolso quando pagamos a despesa de juros que deve ficar entre R$ 180 bilhões e R$ 190 bilhões este ano. Não devemos pagar tanto", afirmou.

O ministro disse, porém, que o aperto fiscal promovido pelo governo criará condições para que a Selic (a taxa básica de juros da economia) possa ser reduzida no longo prazo. "É um caminho gradual que tem sido trilhado com toda a prudência necessária e vai permitir nova relação entre política fiscal e política monetária." Ele garantiu aos senadores que o governo tomará todas as medidas necessárias para conter a alta dos preços. "Mesmo que o foco principal da inflação seja gerado fora do país, temos uma economia aquecida com alguns focos internos, como serviços. Por isso, temos que evitar que a inflação contagie outros setores da economia", afirmou.

Segundo Mantega, o governo usará todas as armas disponíveis para evitar que produtores passem adiante a inflação do passado, criando um "círculo vicioso". "São várias armas para impedir que haja essa indexação da economia brasileira", acrescentou. O Brasil carregaria 3% de inflação básica só por causa dessa indexação, acrescentou.

Mesmo assim, ele destacou que a inflação no Brasil ainda é menor que outros países emergentes. "O Brasil não está mal nesta foto. Tem a inflação mais controlada que em outros países", disse. O ministro disse que há um surto inflacionário no mundo, afetando principalmente os países emergentes. Para Mantega, o Brasil encerrará este ano com a inflação dentro do centro da meta, que tem como limite 6,5%.

Salário mínimo

Ele disse acreditar que o cenário ainda permitirá um reajuste real do salário mínimo em 2012. "Não preocupa. É coisa do passado essa mentalidade de que aumento de salário gera pressão inflacionária. Aumento do salário mínimo é mercado, é consumo, é estímulo à produção e ao investimento", defendeu. O ministro disse que, se a economia estiver equilibrada, ela suporta o reajuste do piso salarial previsto entre 13% e 14% em 2012.

Vale

Sobre a troca no comando da Vale, Mantega disse que o ex-presidente Lula estava bastante descontente com administração de Roger Agnelli, especialmente durante o auge da crise financeira internacional. O ministro disse que o governo poderia ter retaliado a mineradora por não ter atendido aos pedidos de Lula. "Ele [Lula} não tomou nenhuma atitude. Poderia ter retaliado a Vale, que é uma concessão, poderia ter aumentado impostos, mas não fez nada disso", argumentou.

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