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Por trás de programas como o Rediex, está um amplo processo de modernização administrativa conduzido pelo presidente paraguaio, Nicanor Duarte Frutos, que tomou posse em agosto de 2003 e governará o país até o fim de 2008. Com uma série de medidas em várias áreas do governo, ele busca deixar para trás o histórico de corrupção herdado dos 35 anos de ditadura de Alfredo Stroessner, que governou o país entre 1954 e 1989. Morto na semana passada, aos 93 anos, Stroessner estava sendo processado por crimes contra a humanidade e, por decisão do atual governo, não recebeu homenagens em seu país após sua morte.

Boa parte dessa mudança pode ser atribuída aos menonitas, comunidade de imigrantes de origem alemã que deixaram a Rússia nas décadas de 1920 e 1930, onde eram perseguidos por causa de sua religião, de cunho protestante. Muitos se instalaram na região mais inóspita do Paraguai, o Chaco, onde há pouca água e as temperaturas atingem 50º centígrados no verão e até 5º negativos no inverno. Foi nessas terras que eles conseguiram alcançar uma renda per capita de US$ 20 mil por ano, frente à média nacional de US$ 4,9 mil.

Vistos como honestos e trabalhadores, eles formaram cooperativas logo que chegaram ao Paraguai, e hoje são os mais prósperos produtores de gado leiteiro e de corte do país. Muitos menonitas ainda preferem seguir à risca suas tradições e vivem isolados, mas outros se espalharam pelo país. "Eles tomaram conta do governo", conta o diretor geral do Instituto de Estudos Econômicos e Sociais do Paraná (Ineespar), Wagner Enis Weber, que viaja freqüentemente ao Paraguai. Três dos mais importantes membros do governo são menonitas: os ministros do Tesouro e das Finanças e o assessor econômico do governo. Além, é claro, do presidente Duarte, que convertido assim que se casou com a esposa menonita.

Brasileiros

"Esse processo de modernização é uma das coisas mais interessantes que já vi. Você fica impressionado em ver o potencial de crescimento do país", conta Norman Arruda, superintendente do Instituto Superior de Administração e Economia da Fundação Getúlio Vargas (Isae/FGV), de Curitiba. Arruda é um dos brasileiros convidados para dar consultoria nos programas de desenvolvimento conduzidos pelo governo Duarte. No início deste ano, o Isae/FGV se instalou na capital Assunção, onde prestará todos os serviços que oferece no Brasil.

Outro curitibano que auxiliou na elaboração das reformas é Wagner Enis Weber, do Ineespar. Formado pela FGV, Weber é, há mais de 20 anos, um aplicado estudioso da história e da economia paraguaia. Morou em Foz do Iguaçu na infância e visitou várias vezes o país, onde o avô tinha um frigorífico. Começou a coletar dados sobre a economia paraguaia há 20 anos, já lançou dois livros sobre o assunto e, recentemente, instalou um escritório do Ineespar em Assunção.

Entre os brasileiros, a figura mais conhecida a auxiliar o governo paraguaio é a ex-ministra Dorothea Werneck, que levou à Rediex sua experiência como diretora da Agência de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil). Ao lado de outros quatro técnicos estrangeiros e cinco paraguaios, ela ajudou a estabelecer as principais diretrizes do programa de exportações.

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