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O Brasil registrou em julho um déficit em transações correntes recorde para o mês, em linha com o esperado pelo mercado e ainda um reflexo do crescimento da demanda interna bom bens e serviços estrangeiros em um cenário de economia aquecida.

O déficit em transações correntes foi de 4,499 bilhões de dólares no mês passado, bem acima do déficit de 1,623 bilhão de dólares de julho de 2009, quando o país ainda sofria os efeitos da crise financeira global, mostraram números do Banco Central nesta segunda-feira.

"Já que o nosso crescimento está mais forte, mais vigoroso do que o crecimento do resto do mundo, é normal que isso se traduza num espécie de descompasso nas nossas contas externas", afirmou André Guilherme Pereira, economista da Gradual Investimentos em São Paulo.

Os economistas apostavam em um déficit de 4,55 bilhões de dólares, segundo a mediada de 12 projeções colhidas pela Reuters junto ao mercado. Mas o dado veio bem um pouco pior que o déficit de 3,7 bilhões de dólares projetado pelo BC há um mês.

"Isso foi por força do resultado da balança comercial, que veio abaixo do que esperávamos", afirmou a jornalistas o chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes.

O país teve um superávit comercial de 1,357 bilhão de dólares em julho, menos da metade do superávit de 2,911 bilhões de dólares do mesmo período de 2009.

As contas externas também seguiram pressionadas pelas despesas dos brasileiros com serviços. Essa conta fechou o mês com déficit de 2,744 bilhões de dólares, contra 1,477 bilhão de dólares um ano antes.

O que mais pesou foi o balanço de viagens internacionais, que registrou déficit de 1,098 bilhão de dólares, recorde para o mês e bem acima do déficit de 600 milhões de dólares em julho do ano passado.

Lopes destacou que o crescimento expressivo das despesas dos brasileiros com viagens ao exterior tem sido acompanhado por uma pequena queda dos gastos de turistas estrangeiros no Brasil, o que segundo ele refletiria uma redução da renda no exterior.

Já as remessas de lucros e dividendos vieram apenas um pouco acima do registrado há um ano: 1,802 bilhão de dólares, ante 1,724 bilhão de dólares. Lopes afirmou que o dado parcial de agosto também mostra acomodação, mas ressaltou que ainda é preciso esperar mais tempo para avaliar se isso é uma tendência.

INVESTIMENTOS

O déficit em conta corrente mais uma vez foi superior aos ingressos líquidos de investimentos estrangeiros diretos (IED) no país, que somaram 2,643 bilhões de dólares no mês passado.

Os ingressos líquidos de investimento em carteira, contudo, totalizaram 5,8 bilhões de reais.

"Tínhamos uma expectativa que o IED tivesse uma aceleração no segundo semestre por conta de investimentos no pré-sal", afirmou Lopes. "Ele está um pouco melhor, mas ainda abaixo das expectativas", afirmou, acrescentando que a estimativa do BC ainda é de "ingressos mais firmes" até o final do ano.

A última projeção do BC aponta para um ingresso total de investimentos estrangeiros diretos no país de 38 bilhões de dólares no ano. De janeiro a julho, esse fluxo somou 14,701 bilhões de dólares.

Para agosto, o BC previu que o IED somará 2,2 bilhões de dólares, com um déficit em transações correntes de 2,5 bilhões de dólares.

Nos 12 meses acumulados até julho, o déficit em conta corrente somou o equivalente a 2,24 por cento do Produto Interno Bruto, ante 2,13 por cento do PIB em junho.

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