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Para o ex-ministro Bresser Pereira, redução nos juros deve continuar, mesmo que o Brasil ainda não chegue aos índices das economias desenvolvidas | Albari Rosa/ Gazeta do Povo
Para o ex-ministro Bresser Pereira, redução nos juros deve continuar, mesmo que o Brasil ainda não chegue aos índices das economias desenvolvidas| Foto: Albari Rosa/ Gazeta do Povo

Opinião

A decisão do Copom foi estranha. A repercussão, mais ainda

Fernando Jasper, editor-assistente de Economia

Como costuma ocorrer após as reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, o bom senso voltou a ser maltratado nesta semana. Defensores e críticos da surpreendente redução da taxa básica de juros inundaram o noticiário com avaliações tão disparatadas quanto parece ter sido a própria decisão do Copom. Nesse aspecto, o líder do PSDB no Senado, Alvaro Dias, se destacou.

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O economista Luiz Carlos Bresser Pereira, ex-ministro da Fazenda, da Reforma do Estado e da Ciência e Tecnologia, acredita que os resultados do PIB brasileiro confirmam a tese do Banco Central de que havia sinais de desaquecimento da economia. "Para mim faz todo o sentido o governo aproveitar este momento para baixar juros, junto com uma sinalização de ajuste fiscal, com anúncio de mais um contingenciamento da ordem de R$ 10 bilhões. Há uma espécie de troca entre baixa de juros e contenção de gastos", explicou ontem, antes de evento sobre desindustrialização promovido pela Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep). Bresser espera que a política de queda de juros continue (ainda longe dos níveis internacionais de 2% a 3%, mas continue) e ajude a barrar a entrada de investimentos de capital estrangeiro no país – que, segundo ele, é sempre nociva. "A não ser quando traz tecnologia, a entrada de capital estrangeiro só ajuda a apreciar a nossa moeda e tirar a competitividade dos nossos bons industriais", argumentou.

Inflação

No entanto, José Luis Oreiro, professor da Universidade de Brasília e doutor em Economia da Indústria e da Tecnologia, discorda totalmente das medidas do Banco Central. Para ele, o cenário de 2012 é tenebroso, com inflação possível de 8%. "Temos uma carga inflacionária de 2011 que, provavelmente, vai fechar entre 6% e 6,5%, somada a um aumento de custos da ordem de R$ 50 bilhões, com os efeitos de desoneração do Brasil Maior – que ficam perto de R$ 20 bilhões – e o aumento nominal de 14% (7% reais) do salário mínimo. É um cenário de políticas fiscal, monetária e salarial expansionistas, com um câmbio que vai, no máximo, conseguir se manter onde está", disse.

Segundo Oreiro, que também estava no evento da Fiep, o caminho tomado pelo governo é ruim também para a indústria, apesar de o setor ter elogiado a baixa de juros por facilitar os investimentos. "Políticas monetária e fiscal frouxas não dão espaço para elevar o câmbio, ao menos de R$ 1,60 para R$ 2,20 por dólar, que é o que realmente aumentaria a competitividade do setor lá fora. Para se mexer nominalmente no câmbio seria preciso fazer um aperto fiscal, mexendo, por exemplo, na política salarial", disse.

Para o professor, o PT está sendo extremamente irresponsável nesse sentido. "Que partido tem legitimidade para propor aos trabalhadores uma mudança na política de renda se não o PT? O governo poderia propor combinação da meta da inflação com um indicador de média produtividade do país. Os trabalhadores teriam aumento real igual, mas com muito menos pressão para a economia", sugeriu.

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