O PIB do segundo trimestre, divulgado nesta sexta (280 pelo IBGE, não traz muitas esperanças de que a economia brasileira vá sair da recessão em breve.
Para Thiago Biscuola, analista sênior da RC Consultores, “a não ser que haja um milagre de um ajuste fiscal rápido e eficiente, essa situação deve se prolongar por um bom tempo”. Ele reviu recentemente sua projeção de PIB para este ano para queda de 2,4%, mas diz que depois dos dados de hoje talvez tenha de cortar ainda mais essa estimativa. Para o próximo ano, ele espera algo perto de zero, e não descarta mudar em breve para um número negativo. “Por enquanto, 2016 ainda é uma grande incógnita. Com esse cenário político, mal dá para saber o que vai acontecer em duas semanas. De qualquer forma, não tem como esperar uma recuperação no ano que vem”, comenta.
Para Biscuola, a surpresa no PIB do segundo trimestre, que caiu 1,9% ante o primeiro, foi o tamanho da retração do consumo das famílias, que tem um grande peso na economia. Já a contração dos investimentos era mais esperada e ratifica o cenário dos últimos trimestre.
No caso da indústria, o analista diz que os dados em 12 meses até poderiam indicar que o setor está se aproximando do fundo do poço, mas não há muitas chances de retomada nos próximos dois ou três trimestres. “Alguns segmentos exportadores, como papel e celulose e laminados de aço, têm se beneficiado do câmbio, mas a economia brasileira é muito fechada e a demanda doméstica está fraca, com a queda no consumo das famílias e o aumento no custo financeiro das empresas”, explica. Segundo ele, a construção civil, que foi um dos setores que mais pesou no desempenho da indústria no segundo trimestre, deve continuar muito ruim, com grandes empresas da área mostrando sinais de dificuldades.
O pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia (IBRE) Samuel Pessoa também enxerga que a recuperação da economia brasileira se mostra, neste momento, muito mais lenta do que em outras crises vividas no passado, já que agora a crise vai além da macroeconomia e afeta a microeconomia, após uma política “desastrosa”. “Além do macro, temos que arrumar o micro e por isso vejo uma recuperação mais lenta”, disse.
Segundo Pessoa, o governo adotou uma política, após a crise de 2009, que acabou, por fim, fragilizando as empresas, que hoje estão endividadas e são pouco produtivas. Em relação às taxas de juros, Pessoa disse que seria um erro reduzir os juros “na marra”. “Tentamos isso nos últimos quatro anos e isso deu resultados desastrosos”, disse, no 7º Congresso Internacional de Mercados Financeiro e de Capitais, organizado pela BM&FBovespa.
-
Desoneração da folha coloca Pacheco na encruzilhada entre apoiar ou enfrentar o governo
-
Cubanos enfrentam penas brutais de até 15 anos de prisão por protestos contra crise no país
-
Drogas, machismo e apoio ao Comando Vermelho: conheça o novo vereador do PSOL
-
Túnel para resolver problema crônico da BR-101 é estimado em R$ 1 bi e tem impasse na construção
Muita energia… na política: ministro ganha poder com agenda ao gosto de Lula
Bônus para juízes, proposto por Pacheco, amplia gasto recorde do Brasil com o Judiciário
Quais impostos subiram desde o início do governo Lula e o que mais vem por aí
Perguntas e respostas sobre a reforma tributária; ouça o podcast
Deixe sua opinião