O governo anunciou nesta terça-feira (11) que o custo da energia elétrica no Brasil vai cair até 28% para as indústrias no ano que vem. O repasse dessa queda para os preços do consumidores, porém, é incerto. Presidente da Câmara de Gestão do governo Dilma, o empresário Jorge Gerdau reconheceu que a redução nas tarifas de energia não irá refletir, necessariamente, na redução do preço dos produtos. "Não tem uma frase "vai baixar' [o preço], "vai subir'. Não existe uma definição única", afirmou.
O diretor do departamento de infraestrutura da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Carlos Cavalcanti, disse que a concorrência entre as empresas deve provocar um rapasse do custo menor para os preços. "Eu posso dizer "não vou repassar', mas, se meu concorrente vai lá e baixa, eu vou ser obrigado a baixar", disse.
O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Andrade, defende que os empresários repassem a redução de custo para o preço final para que o produto brasileiro ganhe mais espaço no mercado doméstico. Nos últimos anos, produtos importados --mais baratos-- têm ganhado peso no consumo dos brasileiros.
Andrade afirma, no entanto, que a redução dos preços vai depender de cada empresa, já que setores mais intensivos em energia, como o de alumínio, precisam da redução de custo para sobreviver. "Vai depender de setor para setor, mas certamente a sociedade será muito beneficiada", disse.
Fiesp, CNI e o Sistema Firjan (que representa as indústrias do Rio de Janeiro) elogiaram bastante a medida do governo e disseram que isso pode contribuir para a retomada dos investimentos no país, que recuaram nos últimos trimestres.
"É muito positivo. Nós advogávamos uma redução de 35%, mas nós conhecemos o Brasil e isso é um processo. Houve um grande avanço. O governo está de parabéns. Fez um bom trabalho", afirmou o presidente do Sistema Firjan, Eduardo Eugenio Gouvêa Vieira.
"É um contribuição [para destravar investimentos], junto com a estabilização do câmbio, com a queda dos juros e outras desonerações de carga tributária", acrescentou Cavalcanti.
Renovação das concessões
O diretor da Fiesp disse que o anúncio de hoje é "o maior programa de redução de energia elétrica na história". A federação vinha há um ano e meio pressionando o governo a reduzir esse custo.
Na sua avaliação, porém, a redução da tarifa de energia poderia ser maior se houvesse novos leilões de concessão, em vez das renovações. O governo disse que vai renovar em 2013 concessões que vencem entre 2015 e 2017, exigindo uma redução dos preços praticados pelas concessionárias.
Isso vai responder por dois terços do corte médio de 20% no custo de energia que está previsto pelo governo para 2013.Ele disse ainda que a decisão do governo de renovar as concessões sem novo processo licitatório é uma ação casuística, já que beneficia empresas específicas em detrimento do resto do mercado. A grande maioria dos contratos que serão renovados estão nas mão da Eletrobras, que pertence à União, e de estatais estaduais.
"Se você colocasse Eletrobras, Cesp, Cemig, Copel, disputando o ativo com todas as empresas que estão investindo no setor elétrico, num critério de leilão de menor tarifa, seria a solução justa, porque é a lei de mercado. Você deixa as forças de mercado disputarem, e as forças de mercado vão chegar ao menor preço", afirmou Cavalcanti.
O governo enviará uma medida provisória para ser votada pelo Congresso com objetivo de permitir a renovação das concessões.
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