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Em Curitiba, Marcio Pochmann criticou o G-20 e as empresas | Fabio Rodrigues
Em Curitiba, Marcio Pochmann criticou o G-20 e as empresas| Foto: Fabio Rodrigues

"É preciso aumentar o fundo público para que tenhamos um Estado que atenda aos brasileiros", disse ontem o economista Marcio Pochmann, presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Antes que a platéia retrucasse que a carga tributária brasileira é tão alta quanto a de países desenvolvidos, ele adicionou que, dos 35% em impostos brutos recolhidos pelo Fisco, apenas 15% são efetivamente repassados aos Poder Executivo de municípios, estados e União. "O resto é direcionado para isenções, e para pagamento da dívida", disse. Defensor de uma tributação maior sobre renda e patrimônio, Pochmann esteve ontem em Curitiba em um debate sobre os desafios do Brasil diante da crise mundial. Ao lado do deputado federal Dr. Rosinha (PT-PR), ele criticou desde os "padrões de consumo incompatíveis com a realidade do Brasil" até a falta de atitude dos organismos internacionais para lidar com o crash econômico. "Onde está o Banco Mundial, ou o Fundo Monetário Internacional, nesse período de crise? A ONU foi incapaz de chamar uma reunião dos países para tratar do assunto", disse, para em seguida lembrar que o G20 – o grupo das 20 principais economias do mundo – fez uma reunião que ganhou destaque na imprensa mundial. "O problema é que o G20 não tem caráter institucional, ele representa governos com interesses em comum", atacou. "Vivemos uma época em que os países não têm empresas. Pelo contrário, as empresas têm países", disse, citando que as 500 maiores corporações do mundo detêm 48% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial. "O futuro que essas empresas projetam é o de continuidade no poder, e mudar esse futuro será difícil", afirmou. A saída para o Brasil perante a crise, de acordo com Pochmann, é olhar a crise como oportunidade para criar uma "maioria política" que possa mudar o sistema que vigora atualmente. Entre as prioridades estão as "reformas necessárias do capitalismo", dando ênfase à reforma agrária e à reforma tributária. "Até hoje não se conseguiu democratizar a propriedade e a renda. Sem mudar o perfil distributivo, o Estado não vai para a frente", completou.

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