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Compare quanto os paranaenses vão gastar em 2011 com produtos de higiene e saúde |
Compare quanto os paranaenses vão gastar em 2011 com produtos de higiene e saúde| Foto:

Varejo

Nissei espera crescer 35%

A rede de farmácias Nissei – que é a maior do estado e tem 190 lojas no Paraná e em Santa Catarina – es­­pe­­ra crescer 35% neste ano e se pre­­para para romper a barreira de R$ 1 bilhão em faturamento em 2012.

A empresa, que também controla as farmácias Minerva, vem aproveitando o aumento dos gastos das famílias com produtos de higiene e saúde. "As vendas de medicamentos devem crescer 33%, e as de não medicamentos devem avançar ainda mais, em torno de 40%", afirma Alexandre Maeoka, diretor administrativo da rede. Segundo ele, o aumento do po­­der aquisitivo aumentou o acesso da população a produtos farmacêuticos; as pessoas também passaram a comprar novos itens de perfumaria e higiene. A empresa, que detém 35% do mercado no estado, está investindo R$ 30 milhões na expansão da rede, que deve fechar o ano com cerca de 210 lojas Nissei e Minerva.

Para 2012, a intenção é estrear no interior de São Paulo, com 30 lojas. O mercado está tão aquecido que, segundo Maeoka, a empresa antecipou em um ano o objetivo de atingir o faturamento de R$ 1 bilhão, antes previsto para 2013. A companhia, que emprega 3,7 mil pessoas, prevê receita de R$ 850 milhões para 2011

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Farmácias

Consumidor viu despesas crescerem nos últimos anos

Ana Carolina Nery

João e Ruth Cordeiro comprometem 10% da renda mensal com medicamentos de uso contínuo

O policial militar aposentado João Cordeiro Neto e a mulher dele, a dona de casa Ruth Gonçalves Cordeiro, comprometem cerca de R$ 600 por mês com medicamentos, produtos de higiene e perfumaria, o equivalente a 30% da renda do casal. Somente com remédios de uso contínuo são dispensados R$ 200, em média. O valor é quase seis vezes maior que o gasto mensal com plano de saúde, de R$ 35 para ele e a mulher (o plano é específico para aposentados da Polícia Militar). Cordeiro Neto revela que um dos remédios, que serve para dez dias de tratamento, custa R$ 60, quase o dobro do gasto com o plano de saúde. "De quatro anos para cá, os remédios aumentaram muito, mas o salário não acompanhou", conta o aposentado. "Procuramos sempre uma promoção", diz Ruth.

A professora de escola pública Márcia Siqueira Reis não tem gastos com plano de saúde, que é oferecido pelo governo do estado a ela, ao marido e aos dois filhos. Com medicamentos, são gastos cerca de R$ 300 por mês, 7,5% da renda mensal da família. "Neste último mês, o gasto foi maior, com antibióticos para crise de amidalite do meu filho, de dois anos e meio", conta Márcia.

As despesas com produtos de higiene e perfumaria chegam a R$ 100 por mês. A professora diz que gasta mais com esses produtos do que há cinco anos. "Em casa somos duas mulheres, eu e minha filha de 19 anos, há a questão da vaidade. E a variedade de produtos aumentou. Com mais informação, também usamos mais filtro solar que antes."

  • Márcia diz que gasta mais com produtos de saúde, higiene e perfumaria do que há cinco anos

Os paranaenses vão gastar R$ 11 bilhões com despesas de saúde e higiene em 2011, cerca de 8% do total desembolsado pelas famílias com consumo. Quase metade desse bolo vai para pagar medicamentos, que deverão absorver cerca de R$ 4,7 bilhões, segundo estudo inédito da IPC Marketing, empresa de informações de mercado.

Os gastos com medicamentos superam, inclusive, as outras despesas com saúde – que incluem pagamentos de plano de saúde, consultas, exames e cirurgias e vão somar R$ 3,9 bilhões. Os gastos com planos de saúde, por exemplo, devem ficar em R$ 1,5 bilhão nesse ano. O estudo considera apenas o desembolso das pessoas físicas.

Segundo Marcos Pazzini, coordenador do levantamento, as vendas de medicamentos crescem à medida que a renda aumenta e a população envelhece. "Podemos dizer que essa categoria é uma das que mais vão avançar em participação no orçamento das famílias nos próximos anos", diz.

Dados da Associação Brasileira das Farmácias (Abrafarma) mostram que em 2011 as vendas de medicamentos acumulam alta de 18% em relação a 2010, segundo dados atualizados até julho. O setor, que movimentou R$ 17 bilhões no ano passado, registrou um aumento de 21% nas vendas de genéricos no período.

A tendência, segundo Christian Majczak, da GO4! Consultoria, é de que os gastos com medicamentos e saúde sejam puxados pelo aumento do poder aquisitivo, pela renovação tecnológica – com novas gerações de produtos farmacêuticos – e pelas dificuldades enfrentadas na saúde pública.

"As pessoas estão trocando a saúde pública pela privada, o que por sua vez também tem reflexo nas compras de medicamentos. Por outro lado, esses produtos e serviços também estão pesando mais no orçamento porque estão mais caros, impactados pela inflação", afirma. Os produtos de saúde e cuidados pessoais acumulam alta de preços de 6,01% nos últimos 12 meses, segundo IPCA.

Pazzini avalia que, de maneira geral, o crescimento do emprego tende a favorecer também as vendas de planos de saúde. "É comum que o trabalhador, quando conquista um emprego novo, passe a ter acesso e a contribuir para um plano ou seguro de saúde da empresa. Esse mercado se beneficia desse movimento", afirma.

O aumento do poder aquisitivo também vem incentivando as vendas de produtos de higiene e cuidados pessoais, que chegarão a R$ 2,47 bilhões no estado neste ano. Com mais dinheiro, o consumidor di­­versifica e aumenta o número de itens na cesta de compras, com destaque para perfumes (que de­­vem absorver R$ 752 milhões), pro­­du­­tos para cabelos (R$ 237,3 milhões) e sabonetes (R$ 170,5 milhões).

Segundo o IPC Marketing, o Paraná é o quinto estado com maior consumo de higiene e saúde, atrás de São Paulo (R$ 59,1 bilhões), Rio de Janeiro (R$ 21,1 bilhões), Minas Gerais (R$ 18,3 bilhões) e Rio Grande do Sul (R$ 12,3 bilhões). Em todo o Brasil, os gastos com higiene e saúde totalizarão R$ 187 bilhões em 2011.

O estudo revela que a classe B – com renda média de R$ 2.750 a R$ 4,9 mil – é que puxa o consumo do setor de higiene e saúde. Mais da metade do que será gasto no Paraná nessas categorias sairá do bolso dessas famílias.

Um dado curioso é que o consumo de higiene e saúde da classe D, que abrange um número maior de pessoas, alcançará R$ 470,9 milhões, volume que supera o gasto de quem está no topo da pirâmide. As famílias das classes A1 desembolsarão R$ 337,6 milhões neste ano, segundo a IPC Marketing.

Interior do estado tem poucos médicos

O estudo da IPC Marketing, que também apurou a quantidade de médicos a cada mil habitantes no país, revela que o interior do Paraná ainda é carente de profissionais dessa área. Atraídos pelas melhores condições de vida, os médicos são encontrados em maior número nos grandes centros e nas capitais. No interior do estado, a proporção é de 1,56 médico para mil habitantes, contra uma média de 6,78 em Curitiba e 2,11 em todo o país.

"O interior do Paraná exibe um índice que se aproxima das condições do Norte e do Nordeste. O que, ao mesmo tempo, mostra o potencial de desenvolvimento para os próximos anos", afirma Marcos Pazzini, coordenador do estudo. Se­­gundo ele, há um um enorme vácuo de médicos no Norte e Nordeste do país em relação à oferta encontrada nas regiões Centro-Oeste, Sul e Sudeste. No Sudeste, o índice é de 2,74 médicos para mil habitantes; no Cen­­tro-Oeste, de 2,39; e, no Sul, de 2,29. No Nordeste, a proporção é de 1,31, e no Norte há apenas 1,07 médico por mil habitantes. O Paraná tem 23,9 mil médicos e 7 mil farmácias, segundo o levantamento.

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