Vintage
Lojas preparam novas coleções com parcerias para 2015
As parcerias entre grifes e grandes redes de varejo não são novidade no mundo fashion. Começaram nos anos 1960, quando o francês Pierre Cardin foi convidado a se retirar da alta costura devido a uma coleção desenvolvida com a loja de departamentos Printemps.
Nos anos 80, Karl Lagerfeld e Yves Saint Laurent uniram forças com a C&A Europa. Mas a estratégia voltou a chacoalhar o varejo em 2004, quando Lagerfeld dividiu etiquetas com a sueca H&M. Desde então, GAP, Target e outras magazines entraram na onda.
Novidades
No Brasil, Riachuelo e C&A gostaram da brincadeira e multiplicaram a estratégia. A primeira já lançou mais de 20 coleções cápsula de parcerias com estilistas e blogueiras do país, estreando a dobradinha internacional com a Versace. Em 2015 chegam às araras uma coleção com a blogueira Lala Rudge e uma parceria internacional ainda não revelada.
Já a C&A, pioneira da iniciativa no Brasil, em 2005, já produziu mais de 30 coleções em parceria. Deve fechar o ano com um total de dez "collections", e afirma ter novidades confirmadas para 2015.
A presença das estilistas Donatella Versace e Stella McCartney no Brasil no início do mês, para lançar coleções em parceria com a Riachuelo e a C&A, respectivamente, mostra que as gigantes do fast fashion estão apostando alto no apreço de seu público pelas grifes. A estratégia tem mostrado que é possível produzir peças de design a preços acessíveis. O resultado: filas de compradoras esvaziando as araras.
Com coleções limitadas em parceria com os grandes nomes, as redes aumentam sua percepção de valor, e vendem 50% mais rápido que as coleções normais. As peças da Versace para a Riachuelo, por exemplo, custam entre R$ 50 e R$ 400. Por sua vez, os estilistas ganham status cool e aumentam a visibilidade de suas marcas, gerando um desejo ainda maior. Karl Lagerfeld, Valentino, Roberto Cavalli e os brasileiros Glória Coelho e Alexandre Herchcovitch são alguns dos ícones que deram as mãos ao fast-fashion.
Segundo Cláudio Diniz, autor do livro Mercado do Luxo no Brasil e especialista na área, as parcerias são mais uma estratégia de marketing, do que de vendas em volume, já que a quantidade de peças é limitada, assim como sua distribuição nas lojas. "É um meio de divulgar a marca e chacoalhar o mercado. Enquanto as grifes divulgam a marca para potenciais consumidores, as grandes redes oferecem ao consumidor a oportunidade de adquirir uma marca de prestígio, conquistando-o ainda mais", diz.
Atrativos
Engana-se quem pensa que o comprador do fast-fashion busca apenas bom preço. O interesse do público brasileiro pelo design de renome começou há cerca de dez anos, com a melhora do poder de compra somada ao acesso à informação proporcionado pela internet.
"Nosso público evoluiu ao longo dos anos, sabe o que esta na moda e é exigente, quer preço justo e qualidade. As parcerias ajudaram na transformação da marca e geraram a expectativa constante pelas novidades", diz a diretora de marketing da Riachuelo, Marcella Kanner.
As propostas de parceria partem dos dois lados e as negociações duram até dois anos. Segundo Marcela, o estilista só topa porque pode participar e garantir a manutenção da identidade da marca. "Manter o preço acessível é o maior desafio, pois estamos trabalhando com tecnologia e design de qualidade".
Ela diz ainda que os próprios estilistas se surpreendem ao ver que é possível produzir uma roupa barata e de qualidade. Por outro lado, as redes de varejo aprendem com o amplo know how de seus convidados de honra.
Olho no público
No meio termo entre a grife e as roupas acessíveis do fast-fashion, as coleções especiais ampliam o público dos dois lados. Segundo a C&A, as collections, como a marca chama os lançamentos em parceria, são responsáveis por grande parte da ampliação do público. As clientes que não compram no fast-fashion são atraídas para a loja pelas grifes e metade acaba voltando para conferir as coleções da C&A. Diniz aponta ainda para a oportunidade de as grifes atraírem os chamados "novos ricos", pessoas com alto poder aquisitivo, normalmente vindas do interior, habituadas a comprar em lojas mais simples.
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