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Encravado entre as belas praias e dunas do litoral cearense, o moderno Terminal Portuário do Pecém, a 60 quilômetros da capital Fortaleza, vive a expectativa de entrar definitivamente para o grupo dos portos mais importantes do País. O empreendimento, inaugurado em 2002, foi concebido para dar suporte à movimentação do Complexo Industrial do Pecém, que previa a instalação de uma siderúrgica e uma refinaria na região.

Com o fracasso das negociações e a ida dos projetos para outros Estados, o terminal foi obrigado a se remodelar para atender à demanda de cargas gerais e contêineres e ser incluído na rota marítima internacional de navios de grande porte. Mas agora a história pode mudar.

Semana retrasada, a Petrobrás assinou com o governo do Ceará um protocolo de entendimentos para a instalação de uma refinaria Premium, no valor de US$ 11 bilhões. Além disso, a Vale firmou parceria com a coreana Dongsung para construir uma siderúrgica, que exigirá investimento de US$ 1 bilhão, também no Estado.

Junta-se aí a transferência do parque de tancagem de combustíveis do Porto de Mucuripe para o Complexo Industrial e Portuário do Pecém, afirma Francisco Humberto Castelo Branco, diretor da CearáPortos, que administra o terminal, cujo controle é do governo estadual. A expectativa, diz ele, é que o empreendimento comece a operar a partir de 2012, assim como a siderúrgica. A refinaria, porém, ficaria pronta em 2014.

É claro que tudo ainda dependerá de muita conversa e um acordo entre as partes. No passado, por divergência política, o Ceará perdeu para o Estado de Pernambuco a refinaria que seria construída em Pecém pela Petrobrás e pela venezuelana PDVSA. Desta vez, o presidente da estatal brasileira, José Sérgio Gabrielli, está otimista.

Segundo ele, o projeto básico já está sendo montado e a expectativa é iniciar as obras da nova refinaria no Ceará em dezembro de 2009. "Vamos acelerar a compra dos equipamentos, já que o mercado está muito aquecido. Uma torre, que antes era entregue em 300 dias, agora não sai antes de 1.700 dias", diz o executivo, na cerimônia de assinatura do protocolo de entendimento. De acordo com o documento, as partes têm 120 dias para negociar, elaborar e pactuar um termo de compromisso.

No mesmo evento, a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, afirmou que a Vale prometeu o início da operação da nova siderúrgica, no Complexo de Pecém, até dezembro de 2012. Ela também lembrou que a construção da Ferrovia Transnordestina atrairá uma quantidade expressiva de carga para o Terminal de Pecém.

A estrada de ferro vai beneficiar os nove Estados do Nordeste, do Maranhão até a Bahia, interligando os pólos de produção agrícola, mineral e industrial da região. Hoje o terminal já é atendido pela malha da Companhia Ferroviária do Nordeste (CFN), responsável pela construção da Transnordestina.

Um dos diferenciais do Porto de Pecém é o calado natural de 16 metros, um dos maiores do País. Com essa profundidade, o terminal permite a atracação de navios de grande porte, como os post-panamax, que têm custo de transporte menor que os navios mais antigos. Mas, apesar das boas condições, o terminal trabalha hoje com apenas 45% da capacidade. No ano passado, Pecém movimentou 2 milhões de toneladas de mercadorias, sendo 73% referentes à importação.

Castelo Branco, da CearáPortos, diz que nos últimos anos o terminal foi surpreendido pela quantidade de cargas em contêiner, em especial as frigorificadas. Inclui-se aí a exportação de frutas da região, como melão, abacaxi, banana e caju. Segundo os dados da CearáPortos, desde 2006 Pecém lidera o ranking de portos que mais exportam frutas no País. Também está em primeiro lugar no desembarque de algodão vindo do exterior.

Outro empreendimento importante para o desenvolvimento do Terminal do Pecém foi inaugurado na semana passada pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva. Trata-se do Terminal de Regaseificação de GNL, que será operado pela Transpetro, subsidiária da Petrobrás, e acrescentará 7 milhões de metros cúbicos de gás à oferta do País.

O combustível será usado para abastecer três termoelétricas instaladas nas redondezas de Pecém. São elas: TermoCeará, TermoFortaleza e Termoaçu.

Curiosamente, o Complexo Industrial e Portuário do Pecém foi batizado com o nome do ex-governador paulista Mário Covas, que ganhou a disputa com o ex-governador cearense Virgílio Távora. Covas ganhou um busto na entrada do terminal portuário.

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