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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem, pela primeira vez, que está apreensivo com a crise internacional. Mas garantiu que, apesar do risco de escassez de crédito, não faltarão recursos ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), nem ao Banco do Brasil e ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para o financiamento das exportações.

"Nós não vamos permitir que faltem recursos para as coisas que temos de cumprir", afirmou. "No Brasil, nós vamos tomar cuidado para que a coisa não aconteça. O PAC vai continuar funcionando. E as obras de infra-estrutura vão continuar acontecendo", completou.

O presidente, no entanto, aumentou o tom de preocupação que vem manifestando ao avaliar os efeitos da crise na economia brasileira. Embora ressaltando que o país tem condições melhores do que no passado de enfrentar a turbulência, ele confessou estar apreensivo com a escassez de crédito no mercado mundial.

"Eu poderia dizer que hoje estou tranqüilo, acompanhando (a crise) com apreensão", afirmou. "É como se eu recebesse a notícia de que um amigo meu está internado no hospital. Eu não estou doente, mas fico apreensivo com o que pode acontecer. Eu estou apreensivo com a crise porque o Brasil é um país exportador, porque o país quer continuar crescendo."

O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, afirmou que o Brasil está acompanhando a crise americana com "grande seriedade" e que está "preparado para agir" quando for preciso. Durante uma palestra ontem em São Paulo, Meirelles reafirmou que a economia brasileira construiu uma resistência para crises externas.

"Hoje, as reservas [em moeda estrangeira] cobrem em três vezes o montante da dívida externa que vence em 12 meses", afirmou, citando que 30% da dívida total do país é credora em moeda externa.

Sem falar com a imprensa, Meirelles pregou no seu discurso cautela e afirmou que, com os últimos acontecimentos da crise americana, é preciso "resistir" em achar conclusões para o que acontece no dia-a-dia.

"A situação [da economia brasileira] nos permite tomar decisões com serenidade. Medidas precipitadas, tomadas no calor dos acontecimentos, tendem a se mostrar equivocadas", argumentou.

Para o presidente do BC, a crise é grave e séria, que "ainda está sujeita a altos e baixos". Segundo ele, técnicos do Banco Mundial lhe informaram que as perdas com a crise financeira dos Estados Unidos atingiram US$ 1,3 trilhão.

No entendimento de Meirelles, a crise financeira foi causada por um quadro regulatório permissivo nos EUA, principalmente para os bancos de investimentos. Além disso, o presidente do BC considera que a situação foi agravada com o longo período de taxas de juros baixas nos EUA.

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