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Os anúncios de demissão têm sido tantos que fica difícil estabelecer um perfil da pessoa que tem mais chance de parar nas listas de cortes. Embora grande parte das demissões envolva pessoal de produção – caso dos funcionários da indústria, que demitiu 274 mil pessoas em dezembro de 2008 –, já se observa um movimento em áreas como a administrativa. Só a Sadia anunciou, na semana passada, 350 demissões em cargos de gerência, supervisão e diretoria. Também na semana passada, o banco HSBC demitiu cerca de 100 funcionários de dois centros administrativos. O Santander cortou outros 400.

"Pela minha experiência, aquela pessoa mais jovem, com boa formação acadêmica, solteira e com perfil competitivo é mais vulnerável", diz a vice-presidente de Planejamento da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH), Lizete de Araújo. Segundo ela, é "menos traumático" demitir alguém com este perfil, porque a pessoa tem melhor chances de se recolocar.

"Sem chão"

O administrador Tarcísio Renato de Souza Rodrigues encaixa-se quase que perfeitamente neste perfil, exceto por ser casado. Em setembro do ano passado, quando tinha início a fase mais aguda da atual crise econômica, ele foi incluído na lista de desligados de uma empresa do ramo alimentício, onde trabalhava havia quatro meses na área financeira. "Disseram que estavam desligando um pessoal e eu fui o primeiro a ser escolhido no setor, porque estava ali havia pouco tempo."

"Eu me senti sem chão. Você está trabalhando às 6 da tarde de uma sexta-feira, te chamam para uma reunião, e você vai lá, com seu caderninho, e ouve isso. O mais complicado é ligar para casa e dizer para a esposa: ‘estou desempregado a partir de hoje’", lembra Rodrigues.

Dois meses, mais de uma dezena de entrevistas pessoais e sabe-se lá quantos contatos depois, ele foi admitido por uma empresa do ramo educacional. Para ele, fizeram muita diferença a formação, a pós-graduação em finanças que ele já terminou, e o networking. A colocação foi conseguida graças a um contato de uma pessoa com quem ele já tinha trabalhado.

Para quem está na mesma situação, Rodrigues lista alguns itens que podem fazer a diferença: "Tem de ter estudo, no mínimo uma pós-graduação, uma língua estrangeira, e conhecimento técnico, conhecimento na vivência da operação do que você faz. E na entrevista tem de mostrar segurança e confiança de que você realmente sabe aquilo", aconselha. (FL)

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