Os investidores deixaram de lado o bom humor com o pacote bilionário dos EUA e não resistiram à deterioração das expectativas sobre a economia global ontem. Além de números bastante ruins no Japão, Europa e EUA, os participantes do mercado financeiro ainda viram um pessimismo maior sobre a economia brasileira. O câmbio refletiu esse nervosismo e bateu R$ 2,32.
Ontem, o respeitado instituto americano Nber (Escritório Nacional de Pesquisa Econômica, na sigla em inglês) apontou que a recessão na economia americana teve início em dezembro do ano passado, entre as piores notícias do dia. A declaração de Ben Bernanke, presidente do banco central americano, de que "novas reduções das taxas [de juros] são certamente factíveis", trouxe pouco alívio para o mercado financeiro.
O termômetro da Bolsa de Valores de São Paulo, o Ibovespa, cedeu 5,07% no fechamento e atingiu os 34.740 pontos. O giro financeiro continua a mostrar o nível alta de aversão ao risco predominante no mercado, com volume de apenas R$ 2,73 bilhões. Europa e Estados Unidos também tiveram um dia de fortes perdas (veja infográfico ao lado).
Até o pregão do dia 26, a Bovespa acumula um saldo negativo de R$ 1,36 bilhão em investimentos estrangeiros (vendas de ações superiores às compras), o que representa o sexto mês consecutivo de perdas. Os investidores não-residentes representam mais de um terço dos negócios feitos mensalmente na bolsa brasileira. Analistas lembram que, sem dinheiro de fora, a bolsa tem poucas chances de recuperação consistente.
Em um mundo com menores perspectivas de crescimento, os preços das commodities (matérias-primas) sofrem os maiores impactos. Principalmente o petróleo, que voltou a ser cotado abaixo de US$ 50 ontem. As ações mais negociadas da bolsa, Vale e Petrobras, receberam diretamente o baque nas commodities: o ativo da mineradora perdeu 6,60%, enquanto a ação preferencial da petrolífera recuou 8,27%.
O dólar comercial foi cotado a R$ 2,320 na venda, o que representa um avanço de 0,21% sobre a cotação de sexta-feira. A taxa de risco-país marca 528 pontos, número 3,73% acima da pontuação anterior.
Brasil
No front doméstico, o destaque foi o novo rebaixamento da previsão do Produto Interno Bruto (PIB) no boletim Focus, do Banco Central (leia mais acima).
E o banco americano Morgan Stanley divulgou um relatório fortemente pessimista sobre a economia brasileira. "Assim que o cenário global se converte na pior crise em décadas, o Brasil vai precisar de ajustes. Em nossa visão, a desaceleração do crescimento brasileiro será mais pronunciada do que muitos estavam preparados", afirma o economista Marcelo Carvalho. "Nós apenas começamos a ver as evidências mais fortes da redução de atividade do Brasil, mas é provável que adiante isso se torne mais vísivel", acrescenta.
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