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Rio de Janeiro – A Petrobras anunciou ontem uma tecnologia inédita que permite a produção de álcool a partir de resíduos vegetais. Chamado de bioetanol, o combustível é feito com uma técnica que transforma a celulose em açúcar, que pode depois ser fermentado e destilado, criando o álcool. Uma unidade experimental instalada no Centro de Pesquisas e Desenvolvimento da Petrobras (Cenpes), no Rio de Janeiro, começou a fase de testes em escala do bioetanol a partir do bagaço de cana. A meta é produzir 280 litros de combustível com uma tonelada de resíduo e pôr o produto nos postos em 2010. Segundo a companhia, o Brasil já aproveita o bagaço de cana na geração de energia em usinas, mas ainda desperdiça de 6 milhões a 10 milhões de toneladas do resíduo por ano. O Paraná é o segundo maior produtor de álcool do país.

Para o gerente-executivo do Cenpes, Carlos Tadeu da Costa, a nova técnica acaba com o argumento de que a produção de biocombustível vai diminuir a oferta de alimentos. "Esta é a primeira planta no Brasil capaz de fazer álcool a partir de resíduo vegetal, o que é um marco tecnológico muito relevante", disse, em entrevista coletiva. Por isso, o bioetanol é considerado um biocombustível de segunda geração, produzido a partir de resíduos agroindustriais e que não compete com a produção agrícola de alimentos.

"A matéria-prima aqui é resíduo. Normalmente, para biocombustível, em torno de 60 % do custo de processo está associado ao custo da matéria-prima,’’ ressaltou o gerente-executivo do Cenpes. Segundo ele, cerca de R$ 3 milhões já foram investidos no projeto. A pesquisa começou há três anos em parceria com a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e rendeu duas patentes para a Petrobras – uma delas foi a milésima obtida pela companhia.

O objetivo da pesquisa agora é buscar a diminuição dos custos de uma matéria prima abundante e de custo baixo, como o bagaço da cana’’. Os pesquisadores admitiram, no entanto, que hoje, este tipo de processo ainda é mais caro do que da produção do álcool a partir da cana-de-açúcar.

Por enquanto, a Petrobras está concentrada em adaptar a técnica para produzir bioetanol a partir do bagaço de cana, mas pretende usar também torta de mamona (resíduo da produção do biodiesel) como insumo. O produto soma-se a outros biocombustíveis que a empresa pesquisa, como o H-BIO – processo de hidrogenação para obtenção de óleo diesel através da mistura de óleos vegetais ao diesel de petróleo – e o biodiesel – produzido a partir de diferentes matérias-primas, como soja, sebo bovino, palma, algodão ou mamona. Hoje, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva visita o Cenpes para conhecer as pesquisas da companhia.

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