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"O governo não serve para gerir empresas." Essa é a principal ideia que permeia o novo livro do economista Rodrigo Constatino, um dos principais nomes em defesa do livre mercado no Brasil. Privatize Já (Editora LeYa) é um longo argumento em favor da privatização em diferentes setores da economia, da Petrobras às florestas. Leia os principais trechos da entrevista:

Você é a favor da privatização em diversos setores da economia, mas quais áreas, na sua visão, são essencialmente estatais? Qual é o limite de atuação do mercado?

O Estado não deve ser de forma alguma o empresário. Não é papel dele gerir empresas. Petrobras, Correios, bancos, todos têm capítulos no livro dedicados para a ideia da privatização. Isso não quer dizer que o Estado não possa ter o papel de regular certos setores, ou atuar no papel de segurança e justiça, funções que a maioria dos liberais concorda que são básicas do Estado. Entendo também algum papel do Estado como regulador, além de saúde e educação, mas de preferência de forma descentralizada.

No livro, você defende a privatização da Petrobras. Qual é o seu argumento?

A Petrobras tem uma gestão politizada e incompetente. Além do mais, a gente escuta muito casos de corrupção. A promessa de autossufiência existe desde a criação, e até hoje o Brasil importa gasolina. O uso da empresa como instrumento político é evidente, por exemplo, quando o preço da gasolina não pode subir para segurar a inflação. Isso penaliza a capacidade de investimento da empresa, portanto ameaçando o próprio futuro dela. Eu uso como exemplo comparar países que têm um setor de petróleo dinâmico de petróleo com base em empresas privadas em busca de lucro, como os EUA e a Inglaterra, e casos de monopolismo estatal, como é o caso de Irã e Venezuela. Eu não tenho muita dúvida em qual grupo prefiro estar. Esse uso da estatal como um poder político paralelo é muito perigoso e evidente. Basta citar o que o Hugo Chávez faz com a PDVSA na Venezuela.

E na educação, qual é modelo de privatização que você defende?

Defendo a bandeira do Milton Friedman, prêmio Nobel da Economia, de voucher, quer dizer, de vale-educação. O Estado entraria ajudando os mais pobres no custo da educação, mas não sendo o administrador de escolas, que é o que acontece hoje – e, ao meu ver, de forma altamente ineficiente, com greves, conluios com sindicatos que fogem da meritocracia e doutrinação ideológica. A privatização da educação é um caminho, mas esse é um setor delicado, não pode ser uma panaceia. Os vouchers são parte da solução porque geram um alinhamento de interesse. Quando o pai tem o dinheiro na mão, podendo escolher onde matricular o filho, as escolas passam a ter maior concorrência e precisam dar mais atenção à qualidade do serviço que oferecem em troca.

A Gerdau é citada no livro como um exemplo de sucesso da desestatização do setor siderúrgico. Ao mesmo tempo em que o grupo patrocina um evento pró-mercado como o Fórum da Liberdade, a empresa doou R$ 100 mil para a campanha da Lucina Genro, em Porto Alegre, em 2008, uma mulher que defende um projeto socialista. Você não acha que o próprio empresário brasileiro é culpado por um país que tem tanto medo do livre mercado?

Empresário não gosta de concorrência. Ninguém gosta de concorrência. A concorrência é fundamental para nós, como consumidores e trabalhadores, não para os empresários. Se ele puder se aproximar do governo e conseguir privilégios, ele vai fazer. O meu ponto em defesa do empresário é o seguinte: num país com excesso de intervenção arbitrária do governo, ou seja, leis ambíguas, que podem ser interpretadas ao bel prazer do governante do momento, os empresários acabam reféns do governo. Muitas vezes, a proximidade entre empresas e governo no Brasil é uma questão de sobrevivência dessas empresas. O que temos de atacar é esse modelo de capitalismo de compadres. Enquanto isso não mudar, parece óbvio que grandes grupos vão buscar Brasília para obter benefícios.

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