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| Foto: Sérgio Moraes/Reuters

Plano de negócio

Empresa vai revisar plano de negócios

Estadão Conteúdo

O futuro plano de negócios da Petrobras deverá trazer atualizações importantes para atender à mudança no cenário macroeconômico, com a queda da cotação do petróleo (Brent) e recente desvalorização do dólar sobre o real, segundo a presidente Graça Foster. Em função disso, a Petrobras precisará fazer ajustes em relação ao preço futuro do Brent, de um patamar de US$ 95 o barril no longo prazo a partir de 2018 para US$ 85 o barril, e também da capacidade de geração de caixa.

"Com o Brent mais baixo e o real mais depreciado, teremos uma diferença na geração de nossas receitas e financiabilidade. A partir do ano que vem nos tornaremos exportadores [de petróleo] e então será bom um Brent mais valorizado. E também um real mais depreciado. Mas todas essas variações são muito recentes", afirmou a executiva.

Embora as mudanças no cenário sejam importantes para definir a saúde financeira futura da estatal, a companhia não planeja divulgar um novo plano de negócios e gestão já no início de 2015 Graça Foster prevê que este material será divulgado somente entre abril e maio de 2015.

Reajustes

A presidente da Petrobras também mencionou novos reajustes de preço "como forma de recomposição de caixa", projetando reajustes mais frequentes em 2015, mas com porcentuais menores. "Trabalhamos com reajustes menores, mas com frequência maior, para que possam recompor nosso caixa", afirmou.

A presidente da Petrobras, Graça Foster, anunciou que a empresa está estudando criar uma nova diretoria, para assegurar o "cumprimento de leis e regulamentos internos e externos". O estudo para a instituição de uma diretoria de governança foi aprovado ontem, em reunião do conselho de administração da companhia. O anúncio foi feito durante a teleconferência de apresentação de resultados operacionais da companhia no terceiro trimestre. A empresa não vai divulgar o balanço contábil do período, que ainda não foi assinado pelos auditores externos independentes, como exige a lei.

"Nós mitigaremos riscos assegurando, pela companhia, o cumprimento das leis e regulamentos externos e internos. O respeito técnico é uma conquista de muitos anos. Gostaria de ressaltar a importância que é ter uma diretoria de governança, porque queremos mais que o reconhecimento técnico que conquistamos. Nós queremos também o respeito pela governança da nossa companhia, a Petrobras", disse.

A presidente não anunciou quem vai ser o titular da nova diretoria. "Ainda estamos estudando, e nem de longe temos um nome ainda."

Explicações

A nova diretoria soma-se a outras medidas anunciadas pela empresa como esforço para "fortalecer os controles internos". A Petrobras implementou 60 medidas, nos dois últimos anos, para aprimorar a gestão e a capacidade de prevenir irregularidades, e outras seis estão em implantação.

A empresa concluiu sete comissões internas de apuração para verificar denúncias de irregularidade – os temas foram os contratos com a fornecedora holandesa de plataformas SBM, a construção das refinarias Abreu e Lima e Comperj, a compra da refinaria de Pasadena e os contratos com as empresas Astromarítima, Ecoglobal e Toyo Setal. Tais empresas são apontadas pelas denúncias de ter participado de esquemas de propina envolvendo a empresa.

O anúncio ocorre após a Petrobras adiar a divulgação do balanço do terceiro trimestre, na semana passada. A estatal deveria ter publicada todas as informações até a última sexta-feira, como determina a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), mas adiou porque a auditoria responsável por assinar suas demonstrações, a PwC, recusou-se a fazê-lo, devido a denúncias de corrupção na estatal. A consultoria PwC está à espera de informações que permitam avaliar o impacto das denúncias no patrimônio da empresa.

Por isso, diz a executiva, a empresa "não está pronta" para apresentar as demonstrações contábeis. A data prevista da apresentação das demonstrações é 12 de dezembro.

Produção

A Petrobras reduziu a previsão de aumento de produção para o ano para 5,5% a 6%, disse o diretor de Exploração e Produção , José Miranda Formigli. Antes, o crescimento estava estimado para 7,5% ao ano, com margem de um ponto percentual para cima ou para baixo. Nos nove primeiros meses deste ano, a Petrobras produziu em média 1.995 barris médios por dia de petróleo e gás natural.

Elogio

O presidente do Tribunal de Contas da União , Augusto Nardes, elogiou a criação de um departamento de governança na Petrobras. "Esse exemplo é significativo para nós. Para lutarmos contra a corrupção não tem caminho mais eficaz do que organizar o Estado, ter metas", afirmou. Nardes comparou a situação de governança a "alguém que pensa na sua casa, na sua família".

Corrupção

Ativos podem sofrer baixas contábeis

Reuters

A Petrobras poderá realizar eventuais baixas contábeis em seus ativos de acordo com o tamanho das propinas pagas na contratação das obras, tomando como base provas entregues à Justiça no âmbito da operação Lava Jato, da Polícia Federal. A presidente da Petrobras, Graça Foster, confirmou preocupações de analistas sobre a necessidade de a empresa reconhecer perdas contábeis em ativos envolvidos nas denúncias de corrupção. "O ativo pode dar o melhor retorno, mas, se há custo relativo à corrupção, obrigatoriamente você tem que baixar e descontar o valor", afirmou Graça, a investidores e analistas, acrescentando também que a empresa vai buscar ressarcimento de valores onde identificar prejuízos.

O diretor financeiro da Petrobras, Almir Barbassa, disse que "o foco maior é no ajuste devido a fatores de corrupção", mas ele destacou que "se os cálculos vierem dentro das expectativas não se espera efeito sobre dividendos".

Analistas temem redução de dividendos de ações ordinárias, considerando que a política de dividendos garante aos acionistas das preferenciais um pagamento mínimo. Barbassa também tentou tranquilizar o mercado, que teme que, por causa do atraso no balanço do terceiro trimestre, a empresa venha a ser impedida de acessar mercados de bônus nos EUA, onde a companhia toma emprestada a maior parte do dinheiro para suas operações.

Ele disse que a Petrobras tem trabalhado com um caixa volumoso, o que dá à companhia um prazo superior a seis meses sem a necessidade de acessar mercados de dívida. Barbassa disse que não poderia dizer quanto a Petrobras tem em caixa.

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