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Nos postos de combutível, os proprietários de veículos com motor flex têm optado pela gasolina: mercado só deve se normalizar com o início da safra de cana-de-açúcar | Hedeson Alves/ Gazeta do Povo
Nos postos de combutível, os proprietários de veículos com motor flex têm optado pela gasolina: mercado só deve se normalizar com o início da safra de cana-de-açúcar| Foto: Hedeson Alves/ Gazeta do Povo

A crise do etanol levou a Petrobras a retomar a importação de gasolina depois de cerca de quatro décadas de autonomia. O combustível foi embarcado na Venezuela, que já conta com encomendas futuras, e chegará ao litoral brasileiro ainda neste mês. Segundo a empresa, foram importados aproximadamente 270 mil metros cúbicos. É o equivalente a cerca de 2 milhões de barris. "Para os meses subsequentes, a Petrobras está avaliando a necessidade de importação e, se existente, estimará o volume a ser importado", informou a petroleira, por meio de nota.A necessidade de importar gasolina veio dos problemas que o etanol brasileiro vem enfrentando nos últimos meses. A chuva que interrompeu a colheita e o desvio de parte da cana plantada para a produção de açúcar, com excelente cotação no mercado internacional, fizeram com que a oferta do produto fosse insuficiente para atender à crescente demanda.

Os preços do etanol subiram e, pontualmente, houve desabastecimento nas bombas. A expectativa é que o mercado só comece a se normalizar com o início da safra, que em algumas usinas será antecipada de abril para o fim deste mês.

Mudança

Com o etanol mais caro, os donos de carros flex fuel deixaram de ver atratividade no combustível e migraram para a gasolina, sob o argumento de uma melhor relação custo/rendimento. Além disso, desde 1º de fevereiro está em vigor uma mistura menor de etanol na gasolina. Em vez dos 25% de etanol, a gasolina passou a ter 20%. Tudo na tentativa de derrubar a demanda pelo etanol até que o fornecimento seja normalizado e os preços voltem a cair.

O problema é que, com estoques baixos e aumento do consumo de gasolina, a Petrobras recorreu à importação para dar conta da demanda sem deixar os consumidores a pé.

O especialista em energia, Adriano Pires, diretor-fundador do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), analisa o movimento da petroleira brasileira. "Há quase uma década o Brasil se tornou um exportador. Primeiro, foi o anúncio da Petrobras de que interromperia a exportação, há cerca de um mês, e agora tem de comprar de outros produtores; é surpreendente", diz.

Para Ildo Sauer, professor da Universidade de São Paulo e ex-diretor da Petrobras, o volume de 2 milhões de barris não chega a ser expressivo, já que é equivalente à produção diária da companhia. Mas Sauer também se surpreendeu com a importação. "A empresa era superavitária de gasolina desde a entrada do Proálcool, nos anos 70", lembra. A compra da gasolina venezuelana resultará em uma conta de cerca de US$ 140 milhões para a Petrobras.

Mercado

A melhora do poder aquisitivo tem acelerado as vendas de veículos nos últimos anos no país. E, como consequência, o consumo de combustível tem aumentado. O destaque fica com os flex, que respondem atualmente por 95% das vendas de modelos novos. De 2008 para 2009, a demanda por etanol subiu 23,9%, enquanto a da gasolina cresceu 0,9%. Na soma de todos os combustíveis, a alta de um ano para o outro foi de 3%.

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