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Após operarem boa parte do dia no vermelho, as ações da Petrobras mudaram a tendência no meio da tarde e fecharam em alta de mais de 2%. O movimento, segundo analistas, foi estimulado por boatos em relação ao balanço da companhia e uma possível troca de sua presidente, Graça Foster.

Os papéis preferenciais da Petrobras, mais negociados e sem direito a voto, fecharam em alta de 2,62%, para R$ 10,17 cada um. Eles chegaram a cair 3,83% mais cedo, antes de subirem até 4,64% ao longo da tarde.

Já os ordinários, com direito a voto, encerraram a sessão com ganho de 1,05%, para R$ 9,64, após oscilarem entre alta de 3,56% e baixa de 4,19% durante o dia.

O movimento amenizou a queda do principal índice da Bolsa brasileira. Depois de ter atingido baixa de até 2,52%, o Ibovespa fechou a terça-feira (27) com ligeira valorização de 0,03%, para 48.591 pontos. O volume financeiro foi de R$ 5,732 bilhões.

Troca de comando

Analistas citaram que a forte virada dos papéis da Petrobras pode ter refletido rumores de que o ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles pudesse substituir Graça Foster na presidência da estatal. Esse boato já havia sido ventilado no mercado quando as denúncias de corrupção dentro da companhia, reveladas pela Operação Lava Jato da Polícia Federal, surgiram.

"Não é primeira vez que há essa especulação. É improvável, mas, se fosse confirmada, a entrada de Meirelles poderia dar um choque de credibilidade à Petrobras. Haveria uma melhora na governança da empresa, o que seria visto com bons olhos pelos investidores", diz Filipe Machado, analista da Geral Investimentos.

A presidente Dilma Rousseff (PT), no entanto, já afirmou em outras ocasiões que não há intenção de substituir Graça Foster do cargo de presidente da petroleira.

A Petrobras deverá divulgar seu balanço não auditado referente ao terceiro trimestre do ano passado na noite desta terça-feira (27). O mercado estima baixa contábil de R$ 10 bilhões a R$ 48 bilhões referente aos casos de corrupção revelados pela Lava Jato.

A avaliação é que uma mudança tão grande no desempenho das ações da estatal nesta terça (27) possa ter sido também estimulada por apostas de que a baixa contábil seja menor do que a esperada. "Os rumores podem ter motivado os 'vendidos' [que apostam na queda das ações] a zerar suas posições, gerando uma reação em cadeia que catapultou os preços dos papéis", afirma Rogério Oliveira, especialista em Bolsa da Icap.

Para Ricardo Kim, da XP Investimentos, a grande questão é de quanto será a baixa contábil no balanço desta noite e quando a companhia divulgará a versão auditada do balanço.

"Vale ressaltar que a presidente da companhia, Graça Foster também admitiu a dificuldade em tornar público os números oficiais, já que, a cada denúncia de desvio de recursos, a realidade financeira da companhia é alterada", disse em relatório.

Racionamento

Além da expectativa pelo balanço da Petrobras, continuou influenciando o desempenho da Bolsa brasileira a possibilidade de racionamento de água e energia no país, o que derrubou as ações de elétricas e empresas de saneamento na semana passada.

"A situação é dramática e a cada nova previsão de chuvas para o restante do ano mostra que o racionamento é inevitável, do ponto de vista elétrico (ter energia nos momentos de pico de consumo) como do ponto de vista energético: termos energia para chegar em dezembro de 2015 com alguma água nos reservatórios", afirmou Kim.

Mercado externo

No exterior, os mercados europeus e americanos fecharam em queda, refletindo a incerteza política na Grécia, após o líder esquerdista Alexis Tsipras ter se tornado o primeiro-ministro do país, dados da economia chinesa e resultados de empresas.

A desaceleração econômica da China em 2014 afetou o lucro do setor industrial daquele país em dezembro, que recuou 8% na comparação anual, pior desempenho em pelo menos um ano. Com isso, as ações preferenciais da Vale cederam 2,80%, para R$ 16,99 cada uma. As ordinárias caíram 2,96%, para R$ 19. O país asiático é o principal destino das exportações da mineradora brasileira.

Os papéis da varejista Hering despencaram 6,66%, para R$ 18,35 cada um, após a empresa divulgar queda de 3,8% nas vendas no quarto trimestre de 2014 em lojas abertas há mais de 12 meses e aumento modesto de 0,5% na receita bruta.

O setor de telecomunicações também sofreu. O Ministério Público da Bahia instaurou inquérito civil para apurar o descumprimento de regras impostas pelo Marco Civil da Internet. Na mira está a TIM, que lançou promoção para acesso ilimitado ao WhatsApp, sem desconto da franquia do usuário, produto chamado "TIM WhatsApp".

As ações da TIM registraram desvalorização de 0,74%, para R$ 12,05, enquanto os papéis da Oi lideraram as quedas do Ibovespa, com baixa de 8,95%, para R$ 6 cada um.

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